ATA DA NONAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.11.93.
Aos cinco dias
do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Nonagésima Quarta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da
Décima Primeira Legislatura. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia
Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto,
Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn,
Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal,
Pedro Ruas, Wilton Araújo e Letícia Arruda. Constatada a existência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Nonagésima Terceira Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio
Hohlfeldt, 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 08/93
(Processo nº 2508/93), 01 Pedido de
Providências e 01 Pedido de Informações nº 168/93 (Processo nº 2716/93); pelo Vereador Airto Ferronato, 18 Pedidos de Providências; pela
Vereadora Clênia Maranhão, 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Executivo
nº 05/93 (Processo nº 2139/93); pelo Vereador Fernando Zachia, 02 Emendas ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 03/93 (Processo nº 231/93); pelo Vereador
Milton Zuanazzi, 01 Pedido de Informações nº 169/93 (Processo nº 2727/93).
Ainda, foi apregoado o Oficio nº 672/93 ao Projeto de Lei do Executivo nº 72/93 (Processo nº 2502/93). Do
EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 128/93, da Federação das Associações de
Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul, 334/93, da Comissão Parlamentar
de Inquérito destinada a apurar responsabilidades pela exploração e
prostituição infanto-juvenil, 939/93, da Secretaria Estadual de Cultura. A
seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento, verbal,
do Vereador Dilamar Machado, solicitando seja alterada a ordem dos trabalhos.
Após, nos termos do artigo 94, § 1º, “f”, o
Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Antonio Hohlfeldt, que
comunicou seu desligamento do Partido dos Trabalhadores, dizendo que tem
procurado pautar sua conduta pela preocupação com a coerência e lógica na
política e, por isso, hoje, justifica ao cidadão porto-alegrense a sua decisão.
Salientou que quando um Partido começa a dificultar identificações nas ações
políticas, a vivenciar contradições, torna-se necessário repensar e redefinir
posicionamentos, lembrando episódios de sua participação nas lutas democráticas
brasileiras. Nesse sentido, comentou, em especial, a substituição da Professora
Esther Grossi na Secretaria Municipal de Educação, criticando a falta de debate
observada no processo dessa substituição. Finalizando, declarou ter, ontem,
assinado ficha no PSDB, registrando a presença, no Plenário, de integrantes
desse Partido e defendendo uma maior aproximação política entre o PSDB e o PT.
A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças, no Plenário, do Deputado
Jorge Uequed, do Deputado Adroaldo Streck, presidente Regional do PSDB, e do
ex-Vereador André Forster, Presidente do PMDB, convidando Suas Excelências a
integrar a Mesa dos trabalhos, dos Senhores Luiz Cunha, Secretário-Geral do
PSDB, Vanderlino Pamage, Presidente da Coordenadoria Metropolitana do PDSB, e
da Professora Yeda Crusius. Em COMUNICAÇAO DE LÍDER, o Vereador João Verle
reportou-se à saída do Vereador Antonio Hohlfeldt do PT, dizendo ter com Sua
Excelência uma identidade antiga, política e pessoal. Analisou os motivos que
originaram tal saída, declarando ser o PT um partido “radicalmente
democrático”, que nasceu defendendo a pluralidade partidária, sendo possível
terem ocorrido alguns erros na sua trajetória política. Ainda, destacou sua
certeza de que o Vereador Antonio Hohlfeldt, mesmo em outro Partido,
continuará unido ao PT nas lutas por questões de interesse da população. A
seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em
Discussão Geral, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
79/93. Após, foram apregoadas as seguintes Emendas, apostas ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 03/93: de nºs 07 e 08, de autoria do Vereador Fernando
Zachia, de nºs 09 e 10, de autoria do Vereador Jair Soares, de nºs 11 e 12, de
autoria do Vereador Lauro Hagemann, de nºs 13 e 14, de autoria do Vereador João
Verle, de nº 15, de autoria do
Vereador João Dib, de nºs 16 e 17, de autoria da Vereadora Maria do Rosário, de
nºs 18 e 19, de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Em Discussão Geral e Votação
foi rejeitado o Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº
03/93, por quatro Votos SIM contra vinte e dois Votos NÃO e duas ABSTENÇOES,
tendo votado Sim os Vereadores Divo do Canto, Eliseu Santos, Jocelin Azambuja e
Luiz Braz, votado Não os Vereadores Décio Schauren, Fernando Zachia, Geraldo de
Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares,
João Dib, João Motta, João Verle, José Comes, Maria do Rosário, Mário Fraga,
Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Letícia Arruda, Gerson Almeida,
Antonio Hohlfeldt, Dilamar Machado, Luiz Negrinho e Clóvis Ilgenfritz, e optado
pela Abstenção os Vereadores Clênia Maranhão e Pedro Américo Leal, e tendo
sido, este Substitutivo, submetido à votação nominal por solicitação do
Vereador Wilton Araújo. A seguir, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo
nº 03/93 e as Emendas de nºs 01 a 19 a ele apostas e a Subemenda nº 01 aposta à
Emenda nº 02. A Emenda nº 12 ao Projeto em questão foi destacada pelo Vereador
Mário Fraga e submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Wilton
Araújo, tendo sido aprovado por dezenove Votos SIM contra seis Votos NÃO e uma
ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares,
João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Luiz Braz,
Maria do Rosário, Pedro Ruas, Gerson Almeida, Antonio Hohlfeldt, Décio
Schauren e Fernando Zachia, votado Não os Vereadores Dilamar Machado, Eloi
Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Mário Fraga, Nereu D’Ávila e Letícia Arruda
e optado pela Abstenção o Vereador Luiz Negrinho. O Projeto de Lei do
Legislativo nº 03/93, as Emendas, a Subemenda e o Substitutivo a ele apostos
foram discutidos pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Pedro Américo Leal, Maria
do Rosário, Gerson Almeida e Henrique Fontana e encaminhado à votação pelos
Vereadores Maria do Rosário e Jocelin Azambuja. Em Discussão Geral e Votação
esteve o Projeto de Lei do Legislativo no 60/93 que, a Requerimento, aprovado,
do Vereador Eliseu Santos, teve adiada sua discussão por duas sessões. Em
Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 54/93,
por vinte e quatro Votos SIM contra dois Votos NÃO, tendo votado Sim os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos
Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Helena Bonumá, Jair Soares, João
Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Gerson Almeida e
Letícia Arruda, e votado Não os Vereadores Dilamar Machado e Mário Fraga, em
Votação Nominal solicitada pelo Vereador Wilton Araújo. Em Discussão Geral e
Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 101, 116 e
120/93, e o Projeto de Resolução nº 24/93. Ainda, foram aprovados os Requerimentos
para que seja dispensada a votação da Redação Final, do Vereador João Verle
para o Projeto de Lei do Legislativo nº 54/93; do Vereador João Dib para o
Projeto de Lei do Legislativo nº 101/93, do Vereador Luiz Braz, para o Projeto
de Lei do Legislativo nº 116/93; da Vereadora Maria do Rosário para o Projeto
de Lei do Legislativo nº 03/93; do Vereador Airto Ferronato para o Projeto de
Lei do Legislativo nº 120/93 e do Vereador Wilton Araújo para o Projeto de
Resolução n° 24/93. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos de
Votos de Congratulações: do Vereador Fernando Zachia, com a ABAV-RS -
Associação Brasileira de Agentes de Viagens, pela eleição da nova Diretoria;
do Vereador Jocelin Azambuja, com a Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul pela passagem do aniversario de fundação; e do Vereador Nereu
D’Ávila, com o Centro Espírita Nossa Casa pela inauguração da nova sede. Em
PAUTA - Discussão Preliminar estiveram, em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 136/93, e em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº
125/93. Em EXPLICAÇAO PESSOAL, o Vereador Milton Zuanazzi falou que ontem, o
Governador Alceu Collares, ao ser entrevistado através do Programa
“Atualidade”, da Rádio Gaúcha, voltou a mencionar o caso da Companhia
Riograndense de Telecomunicações - CRT, como exemplo de ação própria, afastando
as pessoas envolvidas em indícios de irregularidades, mesmo antes de ser
iniciada a sindicância. Disse ter sido absolvido pela Assembléia Legislativa,
pela auditoria contratada pelo Conselho Fiscal da CRT e pela sindicância do
Governo do Estado, só faltando a assinatura do Senhor Alceu Collares para
encerrar o assunto e pediu para que o episódio não mais seja citado como
exemplo. O Vereador Antonio Hohlfeldt registrou que o Senhor Siegfried
Elwalger Castan, por ter mentido à opinião pública, foi condenado pela justiça
em São Paulo e considerado culpado em um processo movido pelo escritor e
jornalista israelita Ben Abraham. Mencionou, ainda, ter ido a uma loja de Porto
Alegre em companhia do Vereador Isaac Ainhorn, onde são vendidos sigmas e símbolos
nazistas proibidos, tanto pela legislação Federal quanto pela Municipal.
Agradeceu, também, aos integrantes do PSDB que vieram de diversas cidades do
interior para dar força ao seu ingresso nesse Partido. Dirigiu-se ao Vereador
Clóvis Ilgenfritz dizendo que sempre trocou idéias sobre as eventuais crises do
PT e afirmando que a amizade é um dado muito importante na política, além do
respeito de cada um. O Vereador Gerson Almeida disse ter ficado surpreso com a
saída do Vereador Antonio Hohlfeldt do PT, que é um partido que nos últimos
treze anos cresceu vertiginosamente. Falou que, sendo companheiro de Bancada
do referido Vereador, aprendeu a respeitá-lo ainda mais e que nos momentos
difíceis, sempre recorreu a ele para pedir auxilio. Salientou ser esse um
momento de alerta, de reflexão e de ver o porquê desses acontecimentos para
poder superá-los de uma forma democrática. o Vereador João Motta manifestou sua
irrestrita solidariedade ao Vereador Antonio Hohlfeldt pela coragem e coerência
do seu desligamento do Partido dos Trabalhadores. Salientou estar o PT diante
de um impasse: ou abre diálogo entre seus militantes ou vive uma crise de
proporções imprevisíveis, justamente neste momento em que teria
tudo para explodir como sendo a grande esperança do povo brasileiro. Criticou a
lógica da exclusão e do autoritarismo, mesmo sabendo que pode ser punido.
Encerrou dizendo que a saída do Vereador Antonio Hohlfeldt do PT foi uma grande
perda mas que o respeito por ele e a convivência permancerão sendo os mesmos,
com muita tranqüilidade e transparência. Às doze horas e dez minutos,
constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Wilton Araújo e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores
Airto Ferronato, Clênia Maranhão e Milton Zuanazzi. Do que eu, Airto Ferronato,
1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Requeiro a V. Exª, Sr. Presidente, que,
ouvido o Plenário, façamos uma inversão na ordem dos trabalhos para ingresso
imediato na Ordem do Dia e, ao ingressarmos na Ordem do Dia, iniciemos a
Discussão Geral e Votação do Proc. nº 0231, PLL da Verª Maria do Rosário que
modifica a eleição direta para diretores e vice-diretores das escolas públicas
municipais.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sem querer
contraditar a Questão de Ordem do Ver. Dilamar Machado, solicitaria que, antes
de entrar na Ordem do Dia, com base no Art. 94, Parágrafo 1º, letra “F”, eu
pudesse fazer uso de um tempo especial, de no máximo 10 min., para manifestação
de Vereador, não previsto neste Regimento.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): É regimental. A Presidência concede a V. Exª um
período de 10 minutos. Antes, vamos colocar em votação o Requerimento do Ver.
Dilamar Machado.
O SR.
DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): É apenas para comunicar a V. Exª que
estou plenamente de acordo com o requerido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Dilamar Machado para que
entremos de imediato na Ordem do Dia. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa concede a palavra para o Ver. Antonio Hohlfeldt, para
pronunciamento especial.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, especialmente o nobre
Líder do Partido dos Trabalhadores, Ver. João Verle, e companheiros da Bancada.
Solicitei este tempo para trazer à Casa uma comunicação, na medida em que tenho
procurado pautar sempre minha conduta nesta Casa - como de resto em toda a
minha vida ao longo de todos esses anos - pela preocupação com a coerência, a
lógica e, no caso político, pelo respeito, não apenas ao eleitor, como
principalmente ao cidadão pagador de impostos. Tenho procurado, sobretudo,
independente da cor partidária de quem administra a Cidade - convivi aqui com o
Prefeito Villela, com o Pref. João Dib, com o Pref. Collares e depois com meu
companheiro Olívio Dutra e o companheiro Tarso Genro - ver, analisar e ajudar a
conseqüência das propostas apresentadas a este Legislativo. Jamais desenvolvi
oposição pela oposição nem me mantive na situação apenas visando vantagens. São
onze anos de atividades nesta Casa, desde o dia primeiro de janeiro de 1983
quando fui empossado como primeiro Vereador eleito pelo Partido dos
Trabalhadores e lado a lado com o então Ver. Antônio Cândido que havia assumido
a Bancada do partido ao longo de seu mandato. De um último debate ocorrido na
campanha de 82, ficou-me uma lembrança da indagação do porquê eu decidi ser
candidato a Vereador e, aliás, participar desse debate com o Ver. Isaac Ainhorn
lá no cursinho Unificado. Era o André Forster pelo PMDB, eu pelo PT e o Isaac
Ainhorn pelo PDT. Nos indagavam, Vereador, V. Exª deve lembrar, a última
pergunta do nosso debate era por que cada um de nós havia escolhido ser
candidato, porque cada um de nós havia escolhido aquela sigla partidária. Eu
dizia que queria ter um orgulho, no futuro, de poder contar aos meus eventuais netos,
se não netos, sobrinhos ou, enfim, com quem pudesse conversar da gurizada, da
criançada, que eu havia participado da história deste País, embora com muita
humildade, muita tranqüilidade, deixando um pouco uma situação que às vezes, é
muito cômoda, de se criticar a política, os políticos, de se duvidar da ação
política, mas botando a mão nesse trabalho e buscando dar uma pequena
contribuição a isso. Não esperava, realmente, minha eleição de vereador. Foram
difíceis aquelas primeiras semanas. Lembro-me que dentre outros o Ver. Elói
Guimarães e o Ver. Paulo Sant’Anna deram uma força muito grande até que
encontrássemos, os companheiros do PT, a linha efetiva que haveríamos de seguir
ao longo dos anos nesta Casa.
No entanto, Srs. Vereadores, o tempo passa e às
vezes as coisas mudam, às vezes mudamos nós, outras muda a realidade. Da minha
parte há algumas coisas que não quero mudar e, para não ocorrer isso, hoje
estou comunicando a minha mudança. Eu explico. Acho que algumas coisas são
essenciais na vida de cada um de nós. Um partido político, por exemplo, é
essencial, mas a sua ação é provisória. Quando um partido político começa a
vivenciar contradições conosco mesmo, ou consigo mesmo, de maneira que às vezes
a gente não se identifica mais, ou se hierarquiza ou se invertem hierarquias
dentro das ações políticas, acho que está na hora de a gente pensar, está na
hora de a gente revisar eventualmente algumas coisas. Muito antes de me ligar
ao PT eu havia definido posições. Eu integrei a luta dos estudantes da Faculdade
de Filosofia da UFRGS, depois da invasão do nosso diretório acadêmico e a
prisão dos nossos companheiros. Eu participei, dentro do “Correio do Povo”, na
editora cultural, ao longo de anos, de um trabalho de resistência no dia-a-dia
abrindo espaços, inclusive, para isto que é o CPERS, na medida em que a
diretoria de então era uma diretoria entreguista, conivente; se tentava
construir uma oposição, me lembro do companheiro Adeli Sell chegando na redação
do “Correio do Povo” e pedindo para que interferíssemos junto ao editor da área
de ensino para poder colocar uma notinha pequenina daquilo que a oposição do
CPERS tentava fazer, e nós buscávamos abrir esse espaço. Vivemos algumas
situações graves no jornalismo, em que se proibiam jornais como o Movimento e
Opinião, e nós buscávamos no “Correio do Povo” reproduzir, senão na íntegra os
artigos, ao menos fazer a síntese desses artigos, trazer ao debate, ao
conhecimento do leitor tudo o que estava ocorrendo. Entrei, tão logo formado o
PT, para aquele grupo que apoiava a idéia da formação desse partido. Em
primeiro lugar porque era amigo particular, com muita honra, ainda hoje, do
ex-Prefeito Olívio Dutra; com ele havíamos convivido no Sindicato dos
Bancários, no Teatro de Arena, nos debates sobre o teatro que ocorriam, e nesta
luta que resultou, inclusive, na prisão do Olívio e depois na sua liderança
fantástica junto ao Sindicato dos Bancários, enfim, em termos de todo o Brasil.
Quando se fundou o PT, até porque um dos meus mestres na área de literatura, enquanto
intelectual, o Professor Antônio Cândido, ele era um dos primeiros nomes que
assinava o manifesto do Partido, eu também entendi que era uma hora de me
filiar a esse Partido, e não me arrependo, deixo isso bem claro. Hoje, no
entanto, senhores Vereadores, eu tenho discordâncias profundas em relação às
atitudes que vêm sendo tomadas ora pela direção nacional ora pela direção
regional ora pelos companheiros da direção estadual. São vários episódios,
alguns são conhecidos, outros não são totalmente conhecidos, mas há alguns
episódios que não se dimensionam apenas por uma eventual disputa interna de
poder dentro da estrutura partidária, eles têm conseqüências públicas. No caso
da Secretária Municipal de Educação, eles têm conseqüência no processo educacional
envolvendo crianças nesta Cidade. Eu não quero aqui, porque seria uma falta
absoluta de respeito, discutir o nome do novo titular da Secretaria. Eu quero,
aqui, discutir o processo pelo qual se deu a substituição, a falta do debate, a
falta de uma possibilidade de nós aprofundamos esta questão e, sobretudo, eu
diria a falta de uma conseqüência na proposta pedagógica a ser desenvolvida.
Buscou-se a substituição da Secretária Esther Grossi, propondo-se um novo
projeto. Ainda aguardamos o novo projeto. Isso não sou eu que digo: ouvimos,
ainda na quarta-feira, o Ver. João Motta com a mesma preocupação que eu. Da
mesma forma, ouvimos o Deputado Rolim e vários Vereadores com a mesma
preocupação que eu. A diferença, Srs. Vereadores, é que, quando há algumas discordâncias
básicas, fundamentais, temos, então, de tomar uma posição mais clara. Não quero
ser o “Joãozinho do passo certo”. Não pretendo afirmar aqui que sou o único a
ter razão, mas entendo - talvez parodiando uma passagem da Bíblia - que não é
bom, neste momento, que o PT fique sozinho nesta luta democrática. Entendo que
é muito importante que alarguemos o espectro dessa luta. É indiscutível que o
PT é, hoje, o maior partido deste País pela contribuição que trouxe à história
política do Brasil. É indiscutível que a história política deste País passa,
obrigatoriamente, pelo Partido dos Trabalhadores. Agora, também é indiscutível
que alguns companheiros - muitos deles muito jovens no PT, bem depois de muitos
de nós - estão achando serem ele os únicos certos e estão-se achando
auto-suficientes, e isso é um erro mortal em política.
Esses são alguns dos motivos pelos quais decidi, na
medida em que não me sinto bem, sinto-me incomodado em relação a uma série de
decisões que o Partido vem encaminhando, fazer a separação. É como no
casamento: há horas em que a gente se separa para continuar amigo. Espero que,
com essa minha saída do Partido dos Trabalhadores, que formalizo neste momento,
como já formalizei ontem e hoje pela manhã, conversando com o Prefeito Tarso Genro,
eu possa, ainda uma vez, contribuir para um debate político, com toda a
humildade.
Quero, ao mesmo tempo, comunicar aos companheiros
da Casa, ao Ver. João Verle - até agora o meu Líder dentro do Partido dos
Trabalhadores -, ao Presidente da Casa, Ver. Wilton Araújo que, desde ontem,
assinei ficha no Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB. (Palmas.) E
como é um partido que está formalizado na Capital do Estado, um partido que tem
representação em todas as zonais, que cumpre estritamente a legislação federal,
estadual e municipal em relação a tudo aquilo que um partido deva fazer,
constituo, a partir de agora e solicito da Mesa - e farei depois por escrito -
as providências necessárias para a formalização da Bancada do PSDB na Câmara
Municipal de Porto Alegre.
Quero agradecer em primeiro lugar, ao Ver. João
Verle, como Líder do Partido dos Trabalhadores. Quero agradecer aos
Vice-Líderes dessa Bancada que integrei até agora, aos companheiros da Bancada,
toda nossa relação atribulada em algumas discussões, mas sempre respeitosa
politicamente.
Quero agradecer, por outro lado, a confiança dos
companheiros do PSDB, que inclusive, ao longo dos últimos dias, com quem
conversamos, discutimos, objetivamente tarefas a serem feitas.
Quero registrar, para minha alegria, a presença da
Profª Yeda Crusius, Deputado Uequed, Prof° Roberto Pires Pacheco, Deputado
Adroaldo Streck, companheiros Pedro César Dutra Fonseca, Getúlio Figueiredo;
dos membros da Executiva Regional, Luis Paulo Cunha, Renato Guimarães que é nosso
companheiro desta Casa, funcionário de carreira, destacado, hoje na
Administração do TRENSURB; do Coordenador da Região Metropolitana Vanderlei
Ramage que nos acompanhou durante toda esta discussão ao longo dos últimos
dias.
Quero dizer que na conversa com o Prefeito Tarso
Genro, hoje pela manhã, ratifiquei a ele, e já havia comunicado isto ao
Vice-Governador João Gilberto, ontem, que não pretendo ser uma oposição
gratuita ao Prefeito Tarso Genro. Tenho compromissos com o Prefeito Tarso
Genro, políticos e pessoas. Fiz uma campanha com ele, continuo achando que ele
pode ser um bom Prefeito. Mas, sem dúvida nenhuma, dependerá muito daquelas
coisas que forem propostas nós darmos maior ou menor apoio a esta
Administração, que espero que possamos apoiar.
Em segundo lugar quero dizer de público, e dizia
isto ontem ao Sr. Vice-Governador e ao companheiro Ramage, de que sou dos que
defendem, e defendi isto dentro do PT e vou continuar defendendo isto dentro do
PSDB, uma aproximação destes dois partidos. Acredito que é importante para o
Brasil, São Paulo, Rio Grande do Sul, para Porto Alegre uma proximidade entre o
Partido dos Trabalhadores e o Partido Social Democracia do Brasil.
Evidentemente, teremos posições de debate, muitas
vezes, como é normal num partido político, mas isto é positivo.
E assim como com o companheiro Motta, convidamos a
ex-Prefeita Luiza Erundina a comparecer nesta Cidade, fizemos um debate,
exatamente buscando essa proximidade e isto é importante. Mas, por isto o
companheiro Motta está sendo advertido e está sendo chamado a atenção, está
sofrendo inquisição por parte da Direção, e de repente seria eu a receber este
aviso. É por coisas deste tipo que prefiro, neste momento, me afastar. Com todo
o respeito aos companheiros, não pretendo nem me mudar de lugar, a não ser que
os companheiros me expulsem. Vamos continuar trabalhando juntos pela Cidade, e
espero, companheiro Ver. João Verle que a gente possa continuar discutindo,
tranqüilamente todas s questões de Porto Alegre, os projetos da Cidade de que
virão do Governo e possamos continuar trabalhando.
Quero deixar aqui o meu abraço ao Prefeito Tarso
Genro, o meu agradecimento ao Presidente da Casa pelo tempo, meu carinho a
todos os companheiros. Espero que esta mudança eu possa continuar contribuindo.
Ela não é fácil, dizia ontem, eu não duvido que hoje ou amanhã eu continue
atendendo o telefone, dizendo: “PT, Gabinete do Ver. Antonio Hohlfeldt”. E o
pessoal, os nossos companheiros irão entender isso, são 11 anos neste trabalho,
mas eu quero dizer que com a mesma ênfase, o mesmo carinho e a mesma dedicação,
sobretudo nos primeiros seis anos eu construí a Bancada do PT nesta Casa, com
muito orgulho e depois vi esta Bancada vir com nove, dez, onze Vereadores, eu
quero agora também nos próximos três anos e pouco construir a Bancada do PSDB
com muito orgulho, com muita honra e com muita humildade. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Para honra desta Casa registramos a presença do Deputado Jorge
Uequed, que chamamos para fazer parte da Mesa; o Deputado Adroaldo Streck,
Presidente Regional do PSDB e também o Ver. André Forster, Presidente do PMDB,
para que componham a Mesa junto conosco.
Registramos as presenças ainda do Dr. Luiz Cunha,
Secretário Geral do PSDB, Dr. Vanderlino Ramage, Presidente da Coordenadoria
Metropolitana do PSDB, e da Profª Yeda Crusius.
Com a palavra, em tempo de Liderança, o Ver. João
Verle.
O SR. JOÃO
VERLE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro Antonio Hohlfeldt.
Sinceramente, eu teria preferido não ter que ocupar a tribuna nesta manhã para
referir-me a esse assunto, mas a decisão do companheiro Antonio Hohlfeldt me
força a fazê-lo. Tenho, com o companheiro Antonio Hohlfeldt, uma identidade
antiga, política e pessoal. O companheiro Antonio Hohlfeldt participou da
Diretoria da Associação dos Docentes do UNISINOS, durante a minha gestão como
Presidente. Foi lá que nasceu a candidatura dele para Vereador, em 1982.
Apoiei-o e votei no Ver. Antonio Hohlfeldt em 1982. Colaborei, no início do seu
mandato, na Câmara de Vereadores. Desde então, tenho tido um relacionamento
pessoal e político muito fraterno com o Ver. Antonio Hohlfeldt. Ele sai
afirmando que o Partido dos trabalhadores é o maior partido do Brasil. Nós
concordamos e nos perguntamos por que será que em tão pouco tempo o Partido dos
Trabalhadores ganhou tamanha expressão e influência na vida política do nosso
País. Certamente não foi por acaso. O Partido dos Trabalhadores é um partido
radicalmente democrático, é um partido que nasceu defendendo a pluralidade
partidária, que nasceu criticando, embora do campo socialista, os regimes de
partido único. Então realmente durante essa trajetória, talvez tenhamos
cometidos erros, certamente como o Ver. Antonio Hohlfeldt também os cometeu e continuaremos
cometendo. Mas as decisões coletivas, as decisões democraticamente tomadas na
instância partidária levaram o nosso partido onde ele hoje está. As
divergências são naturais e é possível levá-las dentro do partido sempre quando
não se trata de questões de princípio. O Ver. Antonio Hohlfeldt tomou uma
decisão que é legítima, uma decisão de afastar-se do nosso partido, mas
certamente continuará no campo democrático, continuará conosco e companheiros
de partidos afins, batalhando pelas questões que interessam a população pobre
de nossa Cidade, do nosso Estado e do País, aqueles do campo democrático e
popular. Por isso, entendemos a decisão do companheiro, mas, gostaríamos de
afirmar que a razão apresentada por ele em relação a substituição na Secretaria
da Educação, realmente, não são, do nosso ponto de vista, motivo suficiente
para a sua decisão, certamente outros fatores também influenciaram porque a
substituição na Secretaria da Educação como qualquer outra no Município é uma
decisão que pode ser difícil mas que quando tomada, quando decidida
democraticamente pela votação da maioria do Partido, evidentemente, ela é, ela
deve ser acatada. Repito, portanto a nossa insatisfação, ou melhor, o nosso
pesar pelo afastamento do Ver. Antonio Hohlfeldt e continuaremos mantendo com
ele as melhores relações políticas, nesta Casa, eu, pessoalmente, continuo
tendo nele um grande amigo. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. 2ª
SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores, para a verificação
de “quorum”.) Há 30 Vereadores em Plenário, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL
2ª SESSÃO
PROC. Nº 2009/93 - PROJETO DE EMENDA À LEI
ORGÂNICA Nº 79/93, de autoria
do Ver. Décio Schauren, que acrescenta alínea ao inciso III do artigo 203 da
Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
- da Comissão Especial. Relator Ver.
Lauro Hagemann: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão.
A Mesa apregoa Emendas ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 03/93. Emendas n°s 7 e 8 de autoria do Ver. Fernando Záchia, nºs
9 e 10 do Vereador Jair Soares, nºs 11 e 12 do Vereador Lauro Hagemann, nºs 13
e 14 do Vereador João Verle, nº 15 do Vereador João Dib e nºs 18 e 19 do Vereador
Nereu D'Ávila.
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO
PROC. Nº 0231/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 03/93, de autoria da Verª Maria do Rosário, que modifica a
eleição direta para Diretores e Vice-Diretores nas escolas públicas municipais
e extingue o colegiado, revogando as Leis n° 5.693, de 26 de dezembro de 1985,
e n° 7.165, de 16 de outubro de 1992, e o Decreto n° 8.795, de 29 de setembro
de 1986. Com Emendas nºs, 01, 02, 03, 04, 05, 06, e Subemenda nº 01 à Emenda
nº 02; com Substitutivo n° 01.
- da CCJ. Relator Ver. Jair Soares:
pela aprovação do Projeto e das Emendas de nºs 01 a 05;
-
da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação da emenda nº 06 e da
Subemenda nº 01 à Emenda nº 02;
- da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto, e das Emendas de nºs 01, 02, 04 a 06 e da Subemenda n° 01 a Emenda n° 02. Pela rejeição da Emenda n° 03.
Observação:
- incluído na
Ordem do Dia, por força do artigo 81 da LOM.
O SR.
PRESIDENTE: Apregoadas as Emendas, está com a palavra o Ver. Jocelin
Azambuja, para discutir o PLL nº 03/93.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Projeto que visa à
eleição direta para Diretores de Escolas, dentro de uma preocupação que a
comunidade escolar já acalentava desde 1985, quando se iniciou o processo de
eleição de Diretores nas Escolas Estaduais do Rio Grande do Sul, nos levou a
uma profunda discussão junto com o círculo de Pais e Mestres de todo o Estado
do Rio Grande do Sul e também com as entidades estudantis a fim de fazer com
que este voto fosse universalizado. O que nós tínhamos na Legislação Estadual e
o que temos hoje na Legislação Municipal e no próprio Projeto Original da Verª
Maria do Rosário é uma proporcionalidade de eleitores. Nós, no Parlamento,
temos que defender o voto direto, o voto de todos. Não podemos, de repente,
aceitar como correta uma postura que nos coloque como sociedade, no País
inteiro que se contrapôs, quando o Congresso Nacional, queria ter um colégio
eleitoral, e nós quisemos que o voto fosse o universal. Consagramos isso na
Constituição de 1988, não podemos aceitar que, por exemplo, no Projeto
original, um professor possa valer 50 pais no seu voto; ou um professor possa
valer 50 alunos. Nós não estamos elegendo nessa eleição de diretores das escolas
municipais, um pai, um aluno, um funcionário, nós vamos eleger é um professor.
Agora, entendemos que, para eleição desse diretor, tem que se ter o voto de
todos que compõem a comunidade escolar, espontaneamente, livremente, sem
coerção, sem imposição. Isso ocorreu nas eleições estaduais e acabou sendo
retirado das eleições estaduais, porque são princípios inconstitucionais que
embasam os processos eleitorais, uma vez que não existe legislação federal que
dê amparo a estas eleições. Como é que nós vamos justificar, para um pai, para
uma mãe, que votou lá por eles três pais para elegerem o diretor da escola,
numa escola com 500 pais ou 1.000 pais. Quer dizer, não existe explicação
lógica para uma sociedade que respalde isso. Então, o que está-se defendendo hoje,
no nosso Substitutivo, é um processo democrático, amplo e aberto. Nós, e eu me
incluo na categoria dos pais, não podemos chegar na minha escola e aceitar que,
a exemplo do que aconteceu na Escola Estadual Presidente Roosevelt, nas
eleições de diretor, que seis pais representassem 3.200 pais para votarem por
eles para diretor da escola. É o mesmo princípio que está consagrado no Projeto
de lei. Eu não posso aceitar que uma escola com 1.600 alunos, que conhecem os
seus professores - pode ser o aluno de seis anos dez ou doze anos - ele conhece
o professor de sua escola. Como é que vamos chegar a uma eleição e discriminar
os alunos entre si e dizer: “Tu és aluno da escola, conhece o professor, mas
não podes votar nele.” Para os pais
diremos: “Vai votar o pai, e não a mãe.” Dentro de uma sociedade, como a nossa
que é machista, de repente vai lá o pai e vota em nome da mãe. Estamos abrindo
o voto aos pais. Isto é construir uma democracia. É ensinar a juventude a
votar. É ensinar o futuro cidadão. Quando trazemos um projeto que visa a fazer
com que um professor valha cinqüenta pais ou cinqüenta alunos, como por
exemplo, uma escola de mil alunos em que nós teríamos, em média, cem
professores e dois mil pais numa lógica natural; nós teríamos o que, dentro
desta realidade então? De repente um colégio eleitoral em que teremos cem
professores, cinqüenta pais, cinqüenta alunos votando ou quem sabe quarenta
pais, quarenta alunos, vinte funcionários, votando em nome de todos os pais.
Nós ampliamos mais ainda: voto para os pais - pai e mãe - para que os dois
possam eleger o seu diretor. Entende o que este é um processo democrático.
O SR.
PRESIDENTE: O Vereador Luiz Braz inscreve-se e cede seu tempo ao Vereador
Jocelin Azambuja.
O Vereador Pedro Américo Leal também cede seu
tempo.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Então, Srs. Vereadores, é o que se está colocando, neste
momento da discussão, e peço a reflexão profunda dos Senhores nesta votação.
Entendo que o Projeto da Vereadora Maria do Rosário tem princípios corretos,
também. Está dentro de uma linha que procura respaldar a eleição direta de
diretores, mas nós fomos forçados a apresentar este Substitutivo, pela defesa
de um princípio ideológico de voto. Nós temos que abrir, ou então, não se faz
eleição de diretores. São duas lógicas: ou se faz a eleição de diretores com o
voto de toda a comunidade escolar, ou não faremos eleição de diretores, porque
ir lá, na eleição de diretores, e dizer que um pai vai representar cem, para
mim isso não é eleição. Isso eu vi num período da vida brasileira, no Congresso
Nacional, quando se colocou lá um colegiado, para eleger o presidente. Duvido
que exista um professor numa escola estadual, municipal ou qualquer escola
deste País que se negaria a se submeter ao voto da comunidade escolar. Duvido. Não
existe um professor que se negue, num princípio democrático, a querer o voto da
maioria. Se articular uma composição para se ter uma representação pequena de
pais, uma representação pequena de alunos e uma grande representação de
professores, me parece que isto não é democracia. Isso nós contestamos, desde
as discussões iniciais com o CEPERS/SINDICATO, estão aqui os dirigentes da
CPM-Federação. Nós alertávamos naquela época, em 1985, para este aspecto. Como
nós, pais, nos sentiríamos de ir numa escola ver 5 ou 6 pais votando por 1.000
pais? Isto não é um princípio democrático. Como é que nós vamos educar os
habitantes de Porto Alegre? Como é que nós vamos educar os cidadãos de Porto
Alegre para o voto, se nós dissermos para eles que eles vão ser representados
por outros? Como é que nós vamos educar as crianças - nós que queremos resgatar
os Grêmios Estudantis das escolas - como nós vamos ensiná-los a democracia, a
exercitarem o direito do voto? Mas que direito de voto? Como é que eles vão
entender nas escolas deles que 10 alunos vão votar por mil alunos? Isto vai ser
educação para o voto? Como é que nós, Vereadores, nós políticos que nos
submetemos ao voto, vamos, aqui nesta Casa, votar um Projeto que faz com que as
pessoas se representem na eleição? Como é que nós, que queremos educar os
futuros eleitores da Nação, os futuros eleitores de Porto Alegre, vamos admitir
que os nossos filhos tenham representação de voto, que não tenham o direito de
votarem? Isto é educação para o voto? Isto é formação do futuro cidadão de
Porto Alegre?
Eu peço aos Senhores Vereadores que reflitam
profundamente sobre este princípio democrático.
Eu ouvi pelos corredores que cada um faz a sua
democracia. Isto não é democracia. A democracia é o princípio fundamental,
filosófico, político colocado dentro do voto universal a todos. É o Diretor da
Escola, não é o Prefeito, não é o Vereador. Quem tem que ter o direito a eleger
o Diretor, se não é aquele que está dentro da escola? Os professores, os pais,
os funcionários e os estudantes. Todos eles têm que estar neste princípio.
Ou então nós teremos a composição de uma situação
que é apenas meramente representativa para beneficiar e privilegiar um grupo
dentro da escola. E é isto que não podemos aceitar.
Por isto, Srs. Vereadores, se nós defendemos o
voto, o voto amplo, o voto aberto; se nós queremos que as futuras crianças
sejam eleitores amanhã, votem realmente com segurança, aprendam a votar,
teremos que, justamente, fazer com que essas crianças aprendam a votar desde o
primeiro ano da sua escola, desde o primeiro momento que tiverem a oportunidade
de se envolverem com processo eleitoral. Eu vivi, Srs. professores, Srs. pais,
Srs. funcionários, aqui presentes, dentro de uma escola extremamente
democrática...
Eu solicito ao Ver. Divo do Canto, com a
concordância do Ver. Pedro Américo Leal, que o Vereador se inscrevesse e me
cedesse o seu tempo para eu continuar.
O SR.
PRESIDENTE: Com a aquiescência do Ver. Pedro Américo Leal, V. Exª tem mais
cinco minutos por cedência de tempo do Ver. Divo do Canto.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sou grato, Sr. Presidente. Então, como eu dizia, Srs.
Vereadores, me criei dentro de uma escola, o Colégio Estadual Inácio Montanha,
que tinha uma direção altamente democrática e que na verdade não tínhamos ainda
eleições diretas naquela época, mas os professores da escola, os pais, os
alunos, o grêmio estudantil, o Círculo de Pais e Mestres, o grêmio de
professores faziam um processo de indicação daqueles professores e o Prof°
Augustinho acabou se tornando eleito por vários anos, de forma indireta, porque
não havia eleição de diretores de escola. Mas ele fazia dentro de um processo e
me ensinou a fazer isto, eu fui presidente do grêmio estudantil, eleito com 14
anos, na referida escola. O Prof° Augusto Osvaldo Thiesen - que até lembro de
uma solenidade em que participei - recebeu o Título de Professor Emérito de
porto Alegre das mãos do então Prefeito João Dib, pois tive a honra de, no Dias
dos Professores, entrar com um projeto para dar um nome de rua ao Prof° Augustinho,
símbolo da educação desta Cidade e que ajudou na formação de milhares de
cidadãos, dentro de Porto Alegre, tanto na sua atuação na escola pública com na
escola privada. O Prof° Augustinho dizia sempre: o voto tem que ser universal,
o voto tem que ser amplo. E nas eleições do grêmio estudantil, em 1966 e em
1967 ele requisitava as urnas do TRE para que houvessem eleições amplas e
democráticas tanto no grêmio estudantil, como no CPM e no grêmio de
professores. Todos nós e a comunidade votássemos eu me sentia cidadão,
sentia-me um ser humano responsável, como um menino, e como todos os meninos e
meninas da minha escola, jovens estudantes, de ir lá e colocar o nosso voto na
urna. Agora, como é que eu vou aqui hoje, como Vereador de Porto Alegre, dizer
na escola de qualquer criança, em qualquer escola municipal que tem 500, 1.000
alunos, que eles tenham que escolher apenas meia dúzia para votar em nome
deles. Mas isso é democracia? E eles farão a pergunta, como me perguntam: isso
é democracia? Como que queremos fazer eleição de direção, falar em democracia e
dizer que vão ter representatividade no colégio eleitoral. Isso fere qualquer
princípio. Como é que vamos educar, Vereadores, um futuro cidadão, um futuro
eleitor de porto Alegre, se ele não aprende a votar desde os primeiros momentos
da vida dele. E não há a argumentação de que a criança de 6, 7, 10, 12 anos
está mais madura, está menos madura, não. Cada criança, dentro de uma escola,
conhece os seus professores, conhece a realidade dos colegas, conhece a escola,
conhece a realidade dos professores e tem condições sim, qualquer aluno de uma
escola, de dar um voto para aquele professor que ele acha que apresenta um
programa melhor. Agora, imaginem a mobilização das comunidades, Srs.
Vereadores, de todos os pais de uma escola votando, pensem, um escola de 1.000
alunos, uma escola de 500 alunos, as escolas médias do Município, pensem. De
repente mil pais, 2 mil pais mobilizados, indo à escola votar no seu diretor. E
vejam bem, não está sendo eleito um pai, não é criar corporativismo, não é um
pai que irá concorrer, não é um aluno, não é um funcionário. É um professor que
vai concorrer, mas que na nossa maneira de ver, tem que ter a visão e a
homologação da sua candidatura pelo sufrágio do voto de todos os membros da
comunidade escolar. Porque senão mais uma vez vai-se estar fazendo uma farsa de
democracia. Vamos estar dizendo para as pessoas que meia dúzia tem condições de
votar em nome de 500, de 1.000. Ora como é que vamos ensinar democracia desta
forma? Como é que vamos ajudar a esse cidadão, amanhã, votar certo? Não votar
em políticos corruptos, não votar em políticos desonestos? Para isso eles têm
que ser ensinados desde o primeiro momento, e nada melhor do que a escola, nada
melhor de que o processo de optação, e os professores são conscientes dessa
responsabilidade, e nós temos certeza de que lá na escola é onde se completa a
formação familiar, é na escola que se faz, justamente, a formação da cidadania.
E, no nosso entendimento, Srs. Vereadores, a democracia passa pelo voto direto
de todos os cidadãos, de todos os membros da comunidade escolar. Esta mesma
comunidade escolar que não pode ser vetada por esta Câmara de Vereadores; os
alunos não podem ter o veto desta Câmara de Vereadores; os alunos não podem ter
o veto desta Câmara de Vereadores. Ele têm o mesmo direito de voto. Todos.
Porque senão, estaremos, aqui, implantando a pseudodemocracia nas escolas de
Porto Alegre. Nós não teremos a democracia verdadeira, Srs. Vereadores. Pensem
bem nisso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Exmo Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sirvo-me de
uma indagação feita por este Vereador que tanto se preocupa com o universo do
ensino: Vereador Jocelin Azambuja.
Quem tem o direito de escolher o diretor da escola?
Quem? Aquele que foi votado para dirigir a política de educação: o Prefeito, no
Município.
Há alguns anos atrás, eu era Deputado e enfrentava
o PDT, unindo ao PMDB, num Projeto análogo a esse, apresentado se não me
engano, pela então Deputada Ecléa Fernandes. E perdia, como devo perder na
tribuna, hoje, mas coerente, porque até agora ninguém me deu argumentos para
que mudasse de idéia. Meses atrás, para surpresa minha, vim nos meios de
comunicação social fornecer argumentações ao PDT, que no governo do Estado,
perdia, reclamava e lutava para que o Governador Alceu Collares tivesse esse
direito. Que ironia! Nomear Diretores de Escola, na SEC. Várias vezes chamei a
atenção, sem exagero, de que esse episódio político poderia se repetir. Pois se
repete hoje: no Município.
Quem tem o direito, Vereador Jocelin Azambuja, de
escolher o diretor de uma escola? O Prefeito Municipal no Município! É ele que
foi votado, e a ele que defendo, seja de que partido for. Como defendi o meu
partido quando éramos governo, votado ou não. Ora, Vereador Jocelin, outra
indagação sua, a democracia é frágil e ela pode ser vencida, estremecida pelos
seus excessos, pelos seus exageros, pela preocupação contínua que têm os
representantes do povo de agradar em troca de votos. Eu não faço isso, mesmo
que não seja eleito, que não me queiram bem, estou pouco me incomodando. Nós
não podemos deixar entrar a democracia participativa sobre a representativa e
sinto que está se aproximando este exagero. A democracia participativa está
peneirando porteira adentro, cancela adentro, na esfera de ação da democracia
representativa. Nós não estamos percebendo ou estamos com medo de enfrentá-la.
Até onde aqueles me elegeram podem disputar comigo esta tribuna! Então não me
elejam! O que eu estou fazendo aqui! Eu sou o representante de grande
contingente do eleitorado que confiou em mim, que sabe que humanamente eu sou
homem como V. Exas, inabalável em suas convicções, a não ser que
argumentos apareçam para que modifiquemos nossas pretensões e as nossas
temporalidades. Do contrário, não podemos nossas pretensões e as nossas
temporalidades. Do contrário, não podemos ceder lugar, na tribuna a
representações que nos elegeram. Estou contemplando, hoje em dia, a democracia
representativa ser ultrapassada por uma alternativa, a participativa, e por
medo de perder voto, por agradar a eleitores. Nós somos os representantes dos
que nos elegeram. O governador e o prefeito é quem escolhem os diretores. Eles
são responsáveis pela política de educação do Estado e Município. Se é do PT,
defendo aqui como estou fazendo agora, Tarso, Alceu Collares e o prefeito são
os comandantes das pastas, eles escolhem os Secretários. Não vou ouvir, embora
entenda, os apartes anti-regimentais levados por uma forma participativa,
também, de minar o poder V. Exª, Verª Maria do Rosário, pretende transformar de
várias formas. Nem entro em detalhes. Peço é que leiam a Constituição, no seu
artigo 60, quando, nas cláusulas pétreas, os legisladores tiveram o cuidado de
lembrar, no § 4º do artigo 60, de garantirem o voto direto, secreto, universal
e periódico. Ele foi realizado! Somos o resultado de uma cláusula pétrea. O
Prefeito é a conseqüência de uma cláusula pétrea, não tem que dividir poder com
ninguém. Saiam dessa psicose participativa! Sob pena da democracia
participativa subjugar a representativa, por colocarmos dentro dela um Cavalo
de Tróia, e por fraqueza nossa. Não concordo com votações em colégios, dentro
do Município, como não concordei na Assembléia dentro do Estado, e perdi,
quando PDT e PMDB venceram. Para mais adiante, na estrada de regresso do
caminho, reconhecer que tinham errado. Chamo a atenção dos Vereadores, sem
pretender admoestá-los, pois não tenho autoridade para isso: fiquem nos seus
lugares, não cedam posição, mesmo a preço de uma não-reeleição. A democracia
representativa sem redundância é a que nós representamos. Não podemos delegar
poderes. Quem tem o direto e a responsabilidade da Pasta da Educação é Tarso
Genro, no Município. Ele é que escolhe cada diretor, porque é dele que será
cobrada a política de educação e não de Círculo de Pais e Mestres ou de Clubes
de colégios ou de grêmios de alunos. Hoje em dia não temos nem formatura de
turmas de alunos que iniciaram juntos numa faculdade. Ninguém sabe com quem se
formou, por vivermos, também na educação, o exagero das concessões. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nos registramos, para muita honra desta Casa, a presença, em nosso
Plenário, da Exma Srª Secretária de Educação do Município Professora
Sônia Pilla Vares.
A Verª Maria do Rosário está com a palavra.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Professores, Comunidade
Escolar que aqui se faz presente, Secretária de Educação. Este Projeto que
apresentamos no início deste ano, nesta Casa, é um Projeto que muito nos
orgulha, principalmente por ele ser referendado pela comunidade escolar e fazer
parte de uma caminhada., de um processo. O processo de democratização da escola
pública e de reconhecimento da escola pública como um espaço de todos, um
espaço da comunidade, pais e alunos; e um espaço dos servidores públicos,
funcionários e professores que ali atuam. O presente Projeto de Lei, que nós
estamos discutindo e por reiteradas vezes, eu estive nesta tribuna para
debatê-lo com os Senhores, passou por uma ampla discussão nas escolas públicas
municipais, nos seus diversos segmentos, recebendo das escolas e da Associação
de Professores, das entidades representativas das diferentes camadas que
pertencem à Escola Pública, variadas Emendas, propostas, sugestões. De forma
que foi uma surpresa para nós, Sr. Presidente, que no último momento, quando
inclusive o nosso Projeto já se encontrava praticamente na Ordem do Dia,
recebemos um Substitutivo. Esta Casa e este Plenário tiveram a oportunidade de
contar com a representação de mais de oitenta por cento das escolas públicas
municipais, através da Comissão de Educação e Cultura, no debate desde Projeto
sem que houvesse qualquer reflexão desse Substitutivo colocado naquele momento.
No entanto, eu quero fazer deste momento, Srs. Vereadores, um momento de
apresentação do nosso Projeto, das reflexões que ele traz sobre a escola
pública. Nós pensamos que ele contribui, porque vê a escola pública como um
espaço público, a escola pública como um aparelho, como um instrumento que deve
ser desprivatizado no sentido da sua direção, dos seus rumos serem colocados a
serviço exata daquela comunidade onde ela está inserida. A comunidade deve ser
parte integrante da escola e o nosso Projeto, discutido com essa comunidade,
complementado por essa comunidade, apresenta este avanço Senhores Vereadores,
as escolas públicas contavam com um colegiado, o colegiado elegia a direção da
escola. Deste colegiado participavam professores e funcionários de forma
majoritária, sendo que pais e alunos tinham uma possibilidade muito pequena de
participação e, portanto, pouco definiam na escolha verdadeira do diretor da
escola. A grande inovação que trazemos com este Projeto, e discutimos isso com
cada professor e cada funcionário, é possibilitar aos pais e alunos a
participação na definição dos resultados, eqüitativa, exatamente igual à
participação de professores e funcionários. Parece-nos, Srs. Vereadores, Comunidade
aqui presente, que não é democrático, e isso o nosso Projeto resgata, que
nenhum segmento da comunidade tenha a supremacia em relação ao outro, porque
todos os segmentos devem ser parceiros, devem ser companheiros no exercício de
tornar a escola pública um espaço de luta, um espaço de saber, um espaço de
participação, um espaço de cidadania. Portanto, Srs. Vereadores, pelo nosso
Projeto, todos votam, votam para diretores e vice-diretores das escolas
públicas municipais, todos os professores, todos os funcionários, todo os
alunos a partir da uma determinada de idade, no Projeto original, 12, na
Emenda, 10 anos, e um pai ou responsável de cada aluno menor de dezoito anos.
Nós achamos que, com isso, com esse voto direto, o exercício pleno da cidadania
está se dando no concreto. Srs. Vereadores, no entanto, na auferição dos
resultados não podemos cair no outro extremo no que existe hoje. Hoje, nós
temos os professores na auferição dos resultados definindo tudo, mas os
professores não querem mais isso, eles querem partilhar a responsabilidade,
tanto que a ATENPA - Associação dos Trabalhadores do Ensino de Porto Alegre...
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Geraldo de Matos Filho cede seu tempo para a Verª Maria
do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Obrigada, Srs. Vereadores, pela cedência de tempo. Esse debate
é muito importante, porque traduz o sentimento que conseguimos identificar
dentro das escolas. Dos noventa por cento das escolas por nós visitadas da rede
municipal, diziam que os professores compreenderam essa necessidade de
compartilhar necessidades. Portanto, mesmo todos votando, o que prevê o nosso
Projeto, não constitui um colégio eleitoral. É o voto direto, uninominal,
secreto, portanto, mais democrático. Na aferição, parece-nos que temos que
reconhecer a existência de segmentos importantes. Se somente contássemos os
votos, teríamos a supremacia absoluta de pais e alunos, e nem eles têm
interesse nisso, porque sabem que os professores e funcionários de escola são
extremamente importantes na condução dos trabalhos da escola. Nós vivemos uma
caminhada na escola pública. Os Vereadores de porto Alegre não podem legislar
sob o tacão corporativo. A nossa legislação tem que prever a participação e a
possibilidade igual de todos na definição dos resultados. Não é por que sou
professora que vou propor uma lei que beneficie os professores. Pai não é uma
categoria, mas sim um segmento que deve ser respeitado dentro da escola.
Certamente que os pais organizados no CPMs ou que estão dentro das escolas
participando no dia-a-dia, sabem o valor dos professores e dos funcionários no
cotidiano da escola pública. Por isso, não é o sentimento dos pais que diz que
somente eles têm a possibilidade de definir o resultado, como propõe o
Substitutivo que apareceu nesta Casa, e que questionamos, de última hora.
Portanto, o eixo do nosso Projeto, e no que ele avança em relação a lei
original e ao Substitutivo é que ele não tergiversa sobre a democracia.
Democracia é a possibilidade igual de definição de resultados em todos os
segmentos. Democracia não é supremacia de um sobre o outro, mas é o respeito
aos diferentes segmentos. É nesse sentido que nós propomos que pais e alunos
tenham o peso de seu voto igual a 50%, e que funcionários e professores tenham
o peso de 50%. Achamos que isso viabiliza as eleição, possibilita que a escola
pública seja considerada em parceria. Possibilita que a escola pública seja um
espaço de todos, até porque sabemos que a participação de pais e alunos, dentro
de uma escola, é transitória, mas que professores e funcionários permanecem
ali, enquanto segmento, enquanto indivíduos, por cerca de 20 a 25 anos, sempre
mais do que 10 anos, e essa é a nossa experiência pessoal que fica comprovada.
Então, querer retirar a possibilidade de eleger daqueles que no cotidiano estão
ali, e mais, daqueles que irão exercer a direção da escola, como servidores
públicos, significa jogar esse segmento numa situação que não é adequada, numa
situação, inclusive, de não se acreditar no processo eleitoral, porque um
processo eleitoral para ser justo, tem que ter a possibilidade de que todos
acreditem.
Por último, Srs. Vereadores, o nosso Projeto prevê
uma idade mínima de votar. Digo isso como uma alfabetizadora, pois as crianças,
quando são pequenas, elas são mais suscetíveis aos sentimentos, e nos parece
que é importante uma idade mínima, mesmo que confiemos no nosso trabalho e nos
nossos alunos. Nós não queremos as eleições de diretores nas escolas públicas,
como um momento prévio de campanhas eleitorais aqui para esta Casa, ou para tantas
outras campanhas eleitorais. Queremos a seriedade imperando na escola pública,
e portanto, apresentamos um Projeto que teve mais de 9 meses de discussão, uma
gestação completa, um debate que nos orgulha de termos mais de 20 Emendas
apresentadas por diversas Bancadas desta Casa. Emendas que qualificam o nosso
Projeto. Reconhecemos a importância fundamental de que assim fosse, porque
modificar eleições diretas dos diretores de escola é contribuir para que as
escolas públicas tenham a cidadania. Eu faço um apelo aos Srs. Vereadores para
que aprovem o Projeto e que não aprovem o Substitutivo, não somente pela falta
de tempo para que ele fosse discutido, mas principalmente porque ele pode
conter uma fraseologia democrática, mas é extremamente autoritário quanto aos
interesses da escola pública municipal, porque é corporativo e pertencente a um
segmento que não representa os pais das nossas escolas. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Gostaríamos de registrar a presença do Ver. Altair Amorim, da
cidade de Novo Hamburgo, que muito honra com sua presença esta Casa.
Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Projeto da Verª Maria do Rosário já tramita há longo tempo nesta Casa e a Vereadora teve a sensibilidade de, para que fosse aprovado rapidamente, não sacrificar um longo processo de debates, de discussão e construção - por que não dizer - do resultado final do seu Projeto, que não iniciou com sua apresentação. O Ver. Antonio Hohlfeldt, autor da Lei que vige atualmente, quando a formulou e foi sancionada pelo Prefeito, ela representava o acúmulo de debates que são até então feitos. Era um avanço muito significativo no avanço das relações democráticos dentro da rede pública municipal. Este Projeto é o desdobramento natural e necessário de construção e radicalização da democracia, porque, na verdade, não estamos discutindo a democratização da rede pública tão somente - apesar deste Projeto ter como objeto a rede pública municipal. Quando se promove discussões como esta estamos também exercitando concepções e noções sobre a democracia e sobre as relações entre o Estado e a sociedade civil. Por isto o nobre Ver. Pedro Américo Leal diz - e diz com correção - que tem esta posição há muito tempo, e que defende que o poder do Prefeito eleito não pode ser dividido, ou parcelado, porque ele foi eleito por toda a população, e deve exercer com toda autoridade sem qualquer parcelamento. Respeito a posição do Ver. Pedro Américo Leal, não só na questão desse Projeto da Verª Maria do Rosário, mas na questão do orçamento participativa da Cidade e em todos os demais projetos que entendem, porque essa é a nossa visão de democracia. Democracia é a capacidade cada vez maior da sociedade civil e suas organizações autônomas de ir cercando o Estado, cumprindo o papel de controle democrático da sociedade sobre o Estado. Essa idéia que se concretiza a partir de projetos como esse da nobre Verª Maria do Rosário, se concretiza na construção cada vez mais enraizada da Sociedade Porto-alegrense do orçamento participativo e de tantas outras maneiras de fazer com que o poder não seja uma coisa contra a sociedade, mas que o poder e o Estado possam ser mais permeáveis, e tenham mais poros de vasos comunicantes na sociedade para que ela seja sim a controladora. Diziam os anarquistas desde o início do século passado, o poder é em essência opressor, e essa é uma lição que a história já demonstrou para todos aqueles que não concordam com ela. O poder tem que ser controlado, a sociedade civil tem que ser fortalecida, as organizações autônomas têm que ser construídas, para que essa faculdade da natureza do exercício do poder seja controlada e tenha cada vez mais freios contra ela. Nós sabemos que nos momentos da história em que o poder não teve freios na sociedade aconteceu o totalitarismo, aconteceu a ditadura, aconteceu o poder total que na verdade, ao contrário de expressar democracia, suprimiu-a, e ao contrário de se relacionar com a sociedade civil acabou com a sua organização.
Esse Projeto é importante, deve ser aprovado e este
projeto é parte constitutiva de uma compreensão da relação entre o Estado e a
sociedade, e que hoje tem como objeto a rede pública municipal de educação para
o bem do desenvolvimento democrático desse setor. Muito obrigado
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Henrique Fontana.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais pessoas que estão
conosco nesta Sessão, gostaria de intervir, falando também a título mais geral,
sobre o significado desse projeto que institui a eleição direta nas escolas e
nos estabelecimentos de ensino da nossa Cidade de responsabilidade municipal.
Quero dizer que esse projeto, como colocou bem o Ver. Gerson Almeida que me antecedeu,
é mais um projeto que vem no bojo de um desenvolvimento geral da sociedade que
visa a disputar uma visão sobre como deve ser gerenciado o público. Aqui nós
temos uma divergência clara colocada nesta Casa. O Ver. Pedro Américo Leal
expressou uma das visões. A visão que convida a população, que convida todo o
cidadão a participar uma vez, que é no dia de votar. Este seria o direto do
cidadão: escolher um representante que vá para o Poder Legislativo, um que vá
para o Poder Executivo. Dali por diante esse cidadão deveria aguardar em casa
que esse Executivo, durante quatro anos, tomasse toda e qualquer atitude como
bem entendesse. Eu me filio a outro grupo, aquele que defende o voto para o
Executivo, o voto para o Legislativo, o fortalecimento da democracia
representativa, mas que defende, de outro lado, o fortalecimento de todas as
instâncias e todas as possibilidades de controle popular sobre o Poder Público,
porque assim, cada vez que um legislador, que alguém que está aqui no
Legislativo, cometer um erro, a população estará organizada, atenta e vai
cobrar desse legislador. Um dos grandes problemas dos parlamentos brasileiros
hoje é que passados seis meses da eleição, a população não se lembra mais nem
em quem votou e o que dirá cobrar os atos que esse legislador está tendo ao
longo dos quatro anos de mandato. Portanto o nosso desafio, nobre Ver. Pedro
Américo Leal, é convidar à cidadania e construir mecanismos para que ela possa
ser cada vez mais atuante. Pego um exemplo diferente das questões das escolas:
a área de saúde. Ao logo de muitos anos, construímos a alternativa do
fortalecimento dos Conselhos Estaduais de Saúde, os Conselhos locais de Saúde e
hoje discutimos a possibilidade de termos um conselho gestor em cada local de
prestação do serviço de saúde e ninguém melhor do que a comunidade usuária e,
na verdade, proprietária do serviço público, para analisar, fiscalizar e
colocar aquele órgão a serviço do público e seu interesse.
Portanto, nesse passo a mais que damos hoje, um
avanço em que as escolas do Município terão seus diretores escolhidos pela
comunidade, professores, funcionários, dentro da proporcionalidade prevista só
vem a fortalecer o trabalho de todos aqueles que, como nós, lutam para que a
sociedade seja cada vez melhor e se construa uma sociedade sem injustiças, sem
manipulações do serviço público e benefícios privados. Hoje estamos assistindo,
pateticamente, a manipulações fantásticas dos recursos públicos. Feitas por
legisladores! Legisladores que, seguramente, sentiram-se acobertados, seguros
por uma estrutura de poder impermeável ao controle da sociedade. Quando se fala
em democracia participativa e seu fortalecimento, o que queremos é construir
uma cidadania que participe a cada dia das decisões políticas, enfrentando
todos os debates, questionando seu prefeito, o partido que está com a
responsabilidade de governar o Município, Estado ou País, questionando seus
Vereadores, e portanto, construindo justamente com os governantes o País que é
de todos nós. O País é de igual maneira e de igual direito de cada uma das
pessoas que o habitam, de cada um dos cidadãos. Eu não me consideraria
satisfeito, enquanto cidadão, em poder escolher, a cada quatro anos, um
representante. Ao contrário, quero participar a cada dia das decisões desses
representantes da população.
Para concluir, gostaria de reforçar nossa posição
completamente favorável a esse projeto, porque ele significa mais um passo na
democratização da sociedade e no controle da cidadania sobre o Poder Público e
esta deve ser a nossa procura incessante e contínua. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja, por cessão de tempo do
Ver. Eliseu Santos.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, primeiramente, tenho que
corrigir um equívoco da Verª Maria do Rosário, que não foi muito feliz na sua
manifestação ao dizer que houve uma ampla discussão desse Projeto na comissão
de Educação e que esse Substitutivo apareceu de repente. Talvez no afã de
defender o seu Projeto a Vereadora tenha esquecido que recebeu correspondência
da Federação do Círculo de Pais e Mestres, em julho, dizendo que a entidade
fazia um processo de discussão a respeito. Todos os Vereadores receberam essa
correspondência. Por outro lado - informou-me agora o Presidente da ACPM
Federação Sr. Antônio Carlos Falavena, que se encontra presente - no dia da
discussão promovida pela Comissão de Educação estavam presentes os
representantes da ATENPA e mais dez pessoas, sendo que dessas, cinco ou seis
eram de Secretaria Municipal de Educação. Parece-me que esse não é um número
significativo para dizer-se que houve uma ampla discussão sobre o projeto. Não
vi nenhum aluno e nenhum pai discutindo o Projeto, somente as entidades fazendo
as suas discussões. Eu lembro até que o Ver. Antonio Hohlfeldt iniciou esse
processo no Município, em 85 e desde aquela época eu discutia com ele esse seu
projeto. Participei da comissão para a eleição de diretores de escolas, em 87.
Então, muito cuidado com essas coisas de dizer que foi amplamente discutido. O
Ver. Antonio Hohlfeldt fez até uma carta dirigida à ATENPA e ao Vereadores
mostrando a sua insatisfação pela maneira como tinha sido discutido o processo
e apresentado aqui na Câmara. Então, quero resgatar isto para não ficar a impressão
dos Srs. Vereadores que entramos como pára-quedistas na história. Não é assim.
Vamos colocar as coisas nos devidos lugares. E por outro lado está registrado
nas notas taquigráficas, participei daquela reunião que tinham dez pessoas no
Plenário e que foi promovida pela Comissão de Educação e que achei que não
deveria ter promovido, por uma questão de princípios achei que não era o caso.
Mas, ficou registrado aqui que teríamos um prazo
até o final do mês para apresentarmos emendas, substitutivos ou qualquer outra
matéria a respeito. Isto foi um acordo da Comissão de Educação com aqueles que
estavam aqui presentes. E está registrado nas notas taquigráficas.
Outra coisa que os Vereadores não estão entendendo
no projeto e que eu gostaria de esclarecer, pois tenho visto que não houve a
compreensão adequada do que está escrito neste projeto e no substitutivo. No
projeto da Vereadora Maria do Rosário está previsto o seguinte: os professores
e funcionários representam 50% do colégio, e os pais e alunos outros 50%. Isto
é colégio eleitoral disfarçado. Por outro lado, as urnas são separadas, o voto
não é secreto, os pais votam numa urna, os professores na outra, os alunos na
outra, os funcionários na outra. E depois se dá o resultado de cada uma. Isto
não é processo democrático, com todo o respeito àqueles que estão defendendo
como processo democrático. Isso eu digo: é aquela democracia que serve a cada
um. Democracia só é ampla com voto aberto para todos.
Por que votar só o pai? Por que não vota a mãe no
projeto? Porque a criança está matriculada e ela tem os seus pais. E nos CPMs
participam os seus pais que votam. Senão, temos que defender o princípio do
Ver. Pedro Américo Leal: não fazer votação nenhuma. Não eleger diretor nenhum.
Se o princípio é viciado não dá para eleger. Agora, sé é para falar em
democracia, e eu tenho dito isto aos colegas do Partido dos Trabalhadores,
democracia é ampla, está lá na Constituição, é voto aberto, é de todos. Este
negócio de montar casinha para eleger as pessoas, não é democracia. Isto não é
ensinamento que se dê às pessoas, que se dê a uma criança em escolas.
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho inscreve-se e cede seu tempo a V. Exª.
O SR JOCELIN
AZAMBUJA: Agradeço ao Ver. Luiz Negrinho. Estamos defendendo, Ver. Pedro
Américo Leal, um princípio democrático, e isto temos que colocar, a verdade das
coisas. Nós não podemos colocar meias verdades, pode ser que fira alguns, pode
ser que doa para alguns, mas isso não é princípio democrático. Vejam bem, os
segmentos, quer dizer, vai lá, a escola tem mil alunos, votam mil pais, as mil
mães não votam ou votam quem sabe 800 pais e 200 mães representado aqueles
alunos, aí o voto é qualificado, não é o voto universal do princípio
constitucional. Então, aqueles mil pais vão representar um, os cem professores
irão representar um. Ora, o que é isso? Ou então os mil pais e os mil alunos
votantes vão representar um na eleição e os cem professores e os cinco
funcionários da escola vão representar um igual. O que é isso minha gente? Isso
é democracia, Ver. Gerson Almeida? Isso é processo amplo?
O Sr. Gerson
Almeida: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Vereador Jocelin Azambuja, V. Exª tem colocado que é um colégio eleitoral, na
medida em que todos votam, portanto não há delegação do voto.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Todos não, Vereador, apenas uma parcela de alunos acima
de tal idade e um pai. É que cada filho, normalmente, biologicamente tem pais,
ninguém nasce de um só.
O Sr. Gerson
Almeida: Então é preciso ver qual a divergência, porque V. Exª está
defendendo que as pessoas, os alunos com menos de doze anos também votassem,
suponho. Então, aí entra na questão que é de outra ordem, agora a relação 50%
para professores e funcionários e para pais, me parece que é ampla, claramente
democrática e defensável, na medida em que nós temos discutido ao longo do
tempo, eu, como dirigente estudantil desde 1970, um acúmulo de todas entidades
democráticas que vão nesse sentido de garantir paridade no cômputo dos votos e
a universalidade da votação. Portanto, não podemos tratar isso como uma coisa
antidemocrática, já que não é uma particularidade deste Projeto. É um acúmulo
que tem sido construído ao longo de muito tempo, inclusive em várias eleições
para reitor em todo o País.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Só que esta é a sua democracia, Vereador, ou é a democracia daqueles que apresentaram
o Projeto, mas não é democracia que está consubstanciada na nossa Constituição,
não foi essa que nós lutamos em 1988 para implantar. Ora, como é que pode, se
biologicamente cada criança tem pai e mãe, porque eu não vi ninguém nascer de
um só, por que eles têm que ter um só voto? E por que nós temos que ter
proporcionalidade. Não, Vereador, é simples, qual o diretor de escola que teria
vergonha de se submeter ao voto direito de todos e lá no final da urna trazer
aquele que foi o eleito. Isso é que é democracia! Agora, quando começamos a
fazer artifícios como estes em que se tem pesos diferenciados isso é um
princípio democrático que eu tenho, realmente, que me contrapor, Vereador. Eu
percorri o Rio Grande inteiro, de 1985 a 1989, fazendo assembléias com pais e
professores também, que me diziam que era um absurdo na eleição estadual e
agora está consubstanciado, aqui, na eleição municipal a mesma coisa, proporcionalidade.
Todo mundo quer é fazer valer o seu voto, Vereador. Os votos que V. Exª recebeu
aqui foram desses cidadãos, de forma ampla, aberta, que lhes dão respaldo para
a sua posição, como de todos Vereadores e o diretor precisa ter isso também. Agora,
saber que lá na eleição, olha o meu voto dos meus mil colegas valeu um e o voto
dos dez funcionários, ou o voto dos mil alunos valeu meio, o voto dos dez
funcionários valeu meio e o voto dos cem professores valeu meio. Ora, é difícil
para uma comunidade entender isso. Então, eu quero resgatar esse aspecto que eu
acho fundamental de nós colocarmos para discussão. E é por isso que eu peço a
reflexão dos Srs. Vereadores, e peço que amadureçam bem a questão porque nós
estamos aqui para decidir uma questão de fundo, já sei que há uma manifestação
no sentido de ser transferida a votação. E eu pediria que a votação fosse
transferida para proporcionar uma discussão mais ampla, porque esse é um
assunto de relevância e eu não sinto um esclarecimento suficiente para a
votação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrada a Discussão, o Processo está em votação. Para
encaminhar o Partido Comunista do Brasil, com a palavra, a Verª Maria do
Rosário por cinco minutos.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, faço um breve encaminhamento
pedindo ao Senhores que aprovem o Projeto e rejeitem o Substitutivo. Faço isso
ciente de que tivemos tempo suficiente de discussão, procuramos a comunidade e
a resposta foi positiva, tanto que existem mais de vinte emendas, propostas por
essa comunidade e encaminhadas pelas Lideranças, todas desta Casa, com exceção
da Liderança do PTB. Nos parece que aprovando o Projeto e rejeitando o
Substitutivo estamos aprovando, aqui, a parceria, o compromisso, o diretor
eleito da escola pública é muito mais comprometido com a escola que ele está
dirigindo do que o diretor imposto, porque é comprometido com uma comunidade
real. Portanto, temos convicção de que rejeitado o Substitutivo e aprovado o
Projeto teremos a sanção da Prefeitura de Porto Alegre, a aprovação da
Prefeitura de Porto Alegre para a realização, ainda esse ano, das eleições em
sete escolas municipais e a unificação do processo até 1995. Nós estamos
propondo, portanto, não a supremacia de um segmento porque o legislador não
pode se pautar somente pelo segmento que ele pensa representar nesta Casa, mas,
pela sociedade porto-alegrense. E, portanto, propomos, sim, no nosso Projeto
50% de representação para cada segmento, a paridade, proporcionalidade, o voto
do pai e do aluno valendo o mesmo que o voto do professor e do funcionário. É
isso que garante que todos tenham a possibilidade de eleger e todos com a
possibilidade de eleger se sentem mais comprometidos em fazer da escola pública
um espaço verdadeiramente voltado para a sua comunidade. Nós temos consciência
e certeza de que nesta Casa discutimos com todas as Bancadas, de que nesta Casa
procuramos debater, emendar, fazer desse Projeto um Projeto que tem a cara
deste Legislativo Municipal, e a cara das escolas públicas Municipais de Porto
Alegre, aquela vontade de contribuir ao máximo com os alunos, aquela vontade de
contribuir ao máximo para a participação dos pais. Mas eu volto a dizer a vocês
que democratização da escola é um processo, é uma caminhada. E nós já estamos
com esse Projeto, com a paridade, 50% para cada segmento, fazendo uma caminhada
muito importante. Não vamos sair da supremacia dos professores e cair na
supremacia dos pais. Vamos garantir que pais e professores possam, e devam, ser
parceiros dentro da escola. Todos têm uma possibilidade de decisão. Com a
eleição direta do diretor e com a possibilidade de todos decidirem, nós estamos
rompendo com uma visão de direção de escola autocrática, centrada somente numa
figura, e estamos passando a essa direção de escola a possibilidade de ela ser
parceira da sua comunidade, de ela, porque eleita, com nós somos eleitos, poder
representar efetivamente a responsabilidade no cotidiano da escola púbica. A
eleição de diretores é uma nova forma de administrar a escola. Ela faz parte de
todo um acúmulo da democratização, da gestão democrática da escola pública, que
a nova Lei de Diretrizes e Bases, hoje em tramitação no Senado da República,
apresenta. Mas eu diria aos senhores que o nosso Projeto teve o cuidado, sim,
de garantir o voto direto, o voto uninominal e secreto, porque achamos que, com
esse exercício, nós estamos contribuindo para que a escola seja um espaço de
saber, seja um espaço de democracia, seja um espaço de vida e de participação.
Parece-nos, Srs. Vereadores, que a consciência dos legisladores de Porto
Alegre, que já havia se definido por uma lei de colegiado, avança hoje para uma
lei que garante a paridade. Volto a dizer aos senhores: não vamos sair de uma
supremacia dos professores para cair na supremacia dos pais. Pais e professores
querem ser parceiros nessa jornada; querem ser companheiros em elevar a escola
pública ao local em que ela deve estar, no local verdadeiramente de saber, de
incentivo às nossas crianças, um local de convivência, de dignidade humana, um
local em que todos nós sejamos recebidos com direitos garantidos.
Por isso, Srs. Vereadores, encaminho, certamente em
nome da comunidade, inclusive, pela rejeição do Substitutivo e pela aprovação
do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para encaminhar.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, lamentamos não ter sido
adiada a discussão já que um Projeto dessa magnitude merece ampla discussão,
pelo menos é o que sempre me diz a democracia. Mas a Vereadora, que detém o
poder neste momento para assim agir, achou por bem votar o projeto. Sinto, e
diversos Vereadores me relataram que não estavam suficientemente esclarecidos
para votar. Em função disso, tenho certeza de que não será um voto tão
consciente como deveria ser.
Mas defendemos um princípio e para nós ele é
inquebrantável. Não se pode sair por aí usando o nome da comunidade escolar;
dizer que isso foi discutido com a comunidade escolar. Não foi discutido, mas
sim no meio dos professores e pais, que encaminharam, aquilo que dentro da lei
é permitido, o seu pensamento. E foi através da minha pessoa, até porque
representei os pais até o mês de dezembro no Conselho Municipal de Educação de
Porto Alegre. Estivemos conversando com representantes da UMESPA, que também
tinham o mesmo sentimento e só não se manifestaram porque estavam num congresso
nacional, que afirmaram que o voto deveria ser aberto a todos. Dar-se voto
proporcionalmente, se for aprovado isso, está sendo aprovado mais um colégio
eleitoral neste País, mais uma forma de manipulação de votos. Ninguém quer
supremacia, até porque temos uma escola muita aberta, que são os círculos de
pais e mestres, que sempre trabalharam integrados pais e professores. Esse é um
princípio maravilhoso e fundamental que sempre defendi, que todos os CPM’s têm
defendido, esta integração fundamental de pais e professores. Isso é
fundamental e que muitas vezes se quer quebrar no processo democrático. Outro
dia fui discutir o conselho escolar numa escola, uma lei que está aprovada
desde o ano passado e que agora está sendo implantada, e foram pessoas do
Executivo lá dizer bobagens, não conheciam a legislação. E os próprios
professores, na Escola Monte Líbano pode exemplo, pediram-me para fazer nova
palestra para se esclarecerem a respeito do que não sabiam. Chegaram a dizer
absurdos, que o conselho escolar ia substituir o CPM. Tivemos que trazer o
ex-Secretário de Educação para desmentir o que ele tinha publicado no Jornal,
porque era uma inverdade, no Jornal do Governo Municipal. Isso é democracia?
Vai-se para as Escolas, informar errado às pessoas. E eu tenho o testemunho dos
professores que estavam na Escola e disseram: “Bom, agora o senhor nos trouxe
uma explicação concreta sobre o que é o Conselho Escolar”. E é a mesma coisa
que vai acontecer, se aprovado o Projeto de Lei original que está aqui. Vai-se
estar fazendo a democracia que levou o Ver. Antonio Hohlfeldt a se desligar do
Partido dos Trabalhadores. Se desligou por causa disso, falta de visão
democrática, falta de princípios democráticos e por manipulação da sociedade.
Querem manipular a comunidade, gostam de manipular a comunidade e não
conseguem.
E vem mais gente, me diz o Ver. Pedro Américo Leal.
Então, Srs. Vereadores, é difícil se acostumar com
a democracia, mas eu sei que os senhores gostam de fazer a sua democracia e nós
não aceitamos esse princípio de democracia pessoal. Nós temos que caminhar num
princípio aberto. Eu sei que, hoje, o voto não vai ser um voto consciente e sei
que vão dizer nas Escolas que foi amplamente debatido com a comunidade escolar.
Não foi debatido, não foi questionado e está-se fazendo um outra lei que nem se
fez a dos Conselhos Escolares, aqui, montada, manipulada. E foi por isso que
apresentamos um Substitutivo, este, sim, discutido amplamente, discutido desde
1985. Não é discussão de hoje, é discussão ampla, verdadeira, profunda.
No momento em que se chega aqui, nesta tribuna, e
se diz que houve uma reunião realizada na Comissão de Educação ampla, e se diz
que este Substitutivo apareceu assim de repente, não, isto está nas notas
taquigráficas, foi colocado aqui, foi dado um prazo e nós cumprimos o prazo e
apresentamos dentro do prazo, tanto emendas como substitutivo. Eu não admito
que se coloque este tipo de coisa.
Por isso, Srs. Vereadores, eu lhes peço que
analisem bem o que é o princípio democrático quando derem o seu voto.
Se votarem o Projeto original, tenho certeza de que
estão-se contrapondo à democracia, que estão abrindo mão de que os pais possam
votar, que todos os alunos possam votar e que se faça mais uma vez a
manipulação da comunidade. Os pais jamais quiseram tomar conta da Escola, os
alunos também, mas querem participar democraticamente do processo de educação.
Muito obrigado, Srs. Vereadores, e peço aos
senhores, dentro dos princípios democráticos, dentro daquilo que deve concernir
às discussões, que se faça, justamente, um voto em cima deste Substitutivo
apresentado, que não é nosso, é um Substitutivo da comunidade escolar, dos CPMs
que têm pais, professores e estudantes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais Partidos inscritos para encaminhar, vamos colocar
em votação o substitutivo; substitutivo que, se aprovado, prejudica a
apreciação do Projeto principal e sua Emendas.
Solicito ao 3º Sr. Secretário, Ver. Milton Zuanazzi
que proceda à chamada nominal.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, acho que há um
indefinição com relação à votação. Gostaria que V. Exª esclarecesse, mais uma
vez, a que votação está-se procedendo.
O SR.
PRESIDENTE: Estamos votando o Substitutivo nº 1 ao Processo que foi
discutido, amplamente, e encaminhado. O Sr. 3º Secretário está com a palavra
para proceder à chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal e colhe os votos.) Sr. Presidente, 4
Srs. Vereadores votaram SIM, 22 votaram NÃO e 2 ABSTIVERAM-SE
de votar.
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Substitutivo nº 1.
(Votaram
SIM os Vereadores Divo do Canto, Eliseu
Santos, Jocelin Azambuja e Luiz Braz, votaram NÃO os Vereadores Décio Schauren,
Fernando Záchia, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, José Gomes,
Maria do Rosário, Mario Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas,
Letícia Arruda, Gerson Almeida, Antonio Hohlfeldt, Dilamar Machado, Luiz
Negrinho e Clovis Ilgenfritz. ABSTENÇÃO dos Vereadores Clênia Maranhão e
Pedro Américo Leal.)
O SR.
PRESIDENTE: Passamos à votação do Projeto com ressalva das Emendas.
Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO,
contra o voto do Ver. Pedro Américo Leal.
Passamos à votação das Emendas, que se dará uma a
uma.
Emenda nº 01, de autoria do Ver. Décio Schauren. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a Emenda nº 01 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA, contra
o voto do Ver. João Dib e abstenção do Ver. Luiz Negrinho.
Emenda nº 02. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz Negrinho.
Subemenda nº 01 à Emenda nº 02. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Emenda nº 03. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz Negrinho.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, indaguei ao Ver. Luiz Negrinho se ele
estava de mal com as Emendas e ele usou um argumento que considero razoável. Eu
também não tenho o teor das Emendas n°s 1 a 6. Tenho somente o da
Emenda nº 07 em diante.
O SR.
PRESIDENTE: V. Exª, como os demais Vereadores receberam nos gabinetes, pois
estas são emendas antigas e as novas emendas é que complementam o nosso caderno
e foram entregues, hoje, em Plenário, de acordo com a economia da Casa.
O SR. MARIO
FRAGA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como nós Vereadores não estamos
acostumados, ainda, a trazer o espelho do gabinete, seria possível efetuar a
leitura das emendas até a de nº 6?
O SR.
PRESIDENTE: É um pedido que será atendido pela Mesa, excepcionalmente.
(Lê a Emenda de nº 4, de autoria do Ver. Décio
Schauren.)
O SR.
PRESIDENTE: Em votação a Emenda de nº 4. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA,
contra o voto do Ver. João Dib.
Emenda de nº 5. (Lê a Emenda de nº 5, de autoria do
Ver. Jair Soares.)
Em votação a Emenda de nº 5. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Emenda de nº 6. (Lê emenda de nº 6, de autoria do
Ver. Clovis Ilgenfritz.)
Em votação a Emenda de nº 6. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Passamos à Emenda nº 07. A partir daí os Srs.
Vereadores já têm, no material que receberam hoje.
Em votação a Emenda nº 07, de autoria do Ver.
Fernando Záchia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA, contra o voto do
Mario Fraga.
Em votação a Emenda nº 08 (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 09. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 10. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 11. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Passamos à votação da Emenda nº 12.
O SR. MARIO
FRAGA (Questão de Ordem): Eu gostaria que esta Emenda fosse destacada.
Seria possível a leitura da mesma, para todos os Vereadores?
O SR.
PRESIDENTE: Excepcionalmente vamos ler a Emenda nº 12 de autoria do Ver.
Lauro Hagemann. (Lê a Emenda.)
Este é o teor da Emenda nº 12.
Solicito à Srª 2ª Secretária que proceda à chamada
nominal e colha os votos.
A SRA. 2ª
SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal). Sr. Presidente, 19, Srs.
Vereadores votaram SIM, 6 votaram NÃO e 1 ABSTEVE-SE de votar.
O SR.
PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 12.
(Votaram SIM os
Vereadores Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Guilherme Barbosa, Helena
Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta,
João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro
Ruas, Gerson Almeida, Antonio Hohlfeldt, Décio Schauren e Fernando Záchia.
Votaram NÃO os Vereadores Dilamar Machado, Elói Guimarães, Geraldo de Matos
Filho, Mario Fraga, Nereu D'Ávila e Letícia Arruda. ABSTENÇÃO do Vereador Luiz
Negrinho.)
O SR.
PRESIDENTE: Em votação a Emenda n° 13. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA,
contra o voto do Ver. Mario Fraga.
Em votação a Emenda n° 14 (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, contra o voto do Ver. Mario Fraga e com abstenção do Ver.
Luiz Negrinho.
Em votação a Emenda n° 15. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda n° 16. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz Negrinho.
Em votação a Emenda n° 17. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz Negrinho
Em votação a Emenda n° 18. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, por unanimidade.
Em votação a Emenda n° 19. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, por unanimidade.
Requerimento, de autoria da Verª Maria do Rosário,
solicitando que o PLL nº 03/93, recém-aprovado, seja dispensado de distribuição
em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data. Em votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO
PROC. Nº 1283/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 60/93, de autoria do
Vereador Eliseu Santos, que autoriza o Executivo Municipal a instituir
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes nas escolas da rede municipal de
ensino, através de programa de treinamento específico. Com Emenda nº 01.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. José Gomes: pela rejeição;
-
da CEC. Relatora Verª Helena Bonumá: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
-
da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto e
da Emenda nº 01.
O SR.
PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Eliseu Santos,
solicitando ao Plenário o adiamento da discussão por duas Sessões do Proc. n°
1283/93 - PLL 60/93. Em votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. Nº 1917/93 - PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 54/93 que cria duas FGs de Diretor de Escola de 1º Grau
Completo, duas de Vice-Diretor de Escola de 1º Grau Completo, no Quadro do
Magistério Municipal, duas de Secretário de Escola I, no Quadro da
Administração Centralizada e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela
aprovação;
-
da CFO. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Pedro Ruas: pela aprovação;
- da CEC. Relator Ver. Geraldo
de Matos Filho: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 54/93. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em
votação. (Pausa.) Não há quem queria encaminhar. Solicito à Srª 2ª Secretária que proceda à chamada nominal para a
votação e colha os votos.
A SRA 2ª
SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal.) Sr. Presidente, 24 Srs. Vereadores
votaram SIM e 2 votaram NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.
(Votaram SIM os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Eliseu Santos, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Geraldo de Matos
Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Helena Bonumá, Jair Soares, João
Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Gerson Almeida e
Letícia Arruda Votaram NÃO os Vereadores Dilamar Machado e Mario Fraga.)
O SR.
PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. João Verle, solicitando seja o
PLE nº 54/93 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. Nº 2007/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 101/93, de autoria
do Vereador João Dib, que denomina Rua João Jacob Tagliassuchi um
logradouro público, localizado no Loteamento Parque dos Mayas I.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães:
pela aprovação;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação;
- da CEC. Relator Ver. Geraldo
de Matos Filho: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 101/93. (Pausa.) Encerrada a discussão.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 101/93 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. João Dib,
solicitando que o PLL nº 101/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
PROC. Nº 2273/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 116/93, de autoria
do Vereador Luiz Braz, que denomina Rua João Pestana Aragão um
logradouro irregular, localizado no Bairro Belém Novo.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação;
- da CEC. Relatora Verª Helena
Bonumá: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE:
Em discussão o PLL nº 116/93. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Luiz Braz,
solicitando que o PLL nº 116/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para a sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
PROC. Nº 2335/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 120/93, de autoria do Vereador Airto Ferronato, que denomina Rua Florença um logradouro público, localizado no Bairro Rubem Berta.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Jair Soares: pela aprovação;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação;
-
da CEC. Relatora Verª Maria do Rosário: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 120/93. (Pausa.) Encerrada a discussão.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 120/93 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Airto Ferronato,
solicitando que o PL nº 120/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para a sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
PROC. Nº 2080/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
24/93, de autoria da Mesa, que cria o Setor de Limpeza e funções
gratificadas de Chefe e Subchefe de Setor, alterando a Resolução nº 553/68 e
dando outras providências.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Jair Soares: pela aprovação;
-
da CFO. Relator Ver. João Verle: pela aprovação;
- da CUTHAB. Relator Ver. Mario
Fraga: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 24/93. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 24/93 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo,
solicitando que o PR nº 24/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em
votação (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos
constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. Nº 2652/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 136/93, de autoria do Ver. José Gomes, que denomina Rua
Sargento Miguel Gonçalves um logradouro irregular, localizado no Bairro Cel.
Aparício Borges.
3ª SESSÃO
PROC. Nº 2418/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 125/93, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dá nova
redação ao artigo 1º da Lei n° 7.085, de 16.07.92, revoga as Leis nºs 6.849, de
04.07.91 e n° 7.287, de 21.07.93, e denomina Rua Hélio Alvez da Rocha um
logradouro público situado no Bairro Vila Nova. Com Substitutivo n° 01.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt. Desiste.
Passamos ao
período de
EXPLICAÇÃO PESSOAL
O Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu volto à tribuna para falar
sobre aquilo que prometi aos meus colegas Vereadores, mantendo a mesma
coerência em busca da verdade. Nunca existem duas verdades, existe uma só. Nem
que a gente debata eternamente, uma hora encontraremos uma única. Ontem eu me
dirigi a um Município do interior, escutando o programa da Rádio Gaúcha, o
programa do Ranzolin “Atualidade”. Houve uma entrevista com o Governador
Collares, longa entrevista, e o Ranzolin insistia muito em algo que a imprensa
vem insistindo com o Governador, sobre a questão de afastamento do governo. O
Governador novamente voltou a citar o caso da CRT como exemplo de ação dele nas
horas corretas e imediatas. O Sr. Armindo Ranzolin voltou a dizer: “Mas como,
se lá na CRT o Senhor afastou antes de iniciar a sindicância”? É verdade, eu
fui afastado no dia 23 de março e a sindicância iniciou dia 25 de março. Agora
que há toda uma movimentação envolvendo secretários de Estado, não há
afastamento. “O senhor quando nomeou a sindicância também não tinha informações
para fazer o afastamento’. O Governador respondeu que tinha indícios de
irregularidades e por isso o afastamento. Para estabelecer a verdade, Srs.
Vereadores, não poder. Se há indícios, muito bem, ele tinha e por isso nomeou a
sindicâncias, ele estava correto, o Governador foi certamente, agora está
havendo indícios também, senão não haveria uma CPI na Assembléia Legislativa.
No meu caso houve indícios e eu foi afastado, eu e minha diretoria. Aliás, eu
me encontrava em Brasília, a trabalho. Eu fui afastado pelo rádio, estou
confessando isso porque ninguém sabe, meus colegas estão sabendo neste momento.
O meu assessor de imprensa ligou para Brasília e me comunicou do afastamento.
Eu telefonei para o Palácio para falar com o Governador, para saber o que
houve. Tinha ocorrido uma denúncia de um Deputado da tribuna da Assembléia
Legislativa, só. Uma denúncia de um Deputado, houve o afastamento e a
Sindicância. Correto, o Governo quer agir assim, é o método, é a prática,
excelente. Isso foi o que ocorreu. O que não está dito é que na sindicância que
o Governador realizou, eu estou absolvido, desde o dia vinte de outubro de mil
novecentos e noventa e dois, e a sindicância não encerrou. Estou absolvido,
está lá, nos autos da sindicância, basta qualquer um de vocês ir lá e analisar,
já estávamos absolvidos pela Assembléia Legislativa do Estado, eu já relatei
aqui. Já estávamos absolvidos pela auditoria independente contratada pelo
Conselho Fiscal da CRT, eu também já relatei. Nós estamos absolvidos na
sindicância do Governador Collares. Tem que encerrar. Em vinte e oito de
outubro fez um ano da gloriosa sindicância que me absolve e precisa da
assinatura dele para encerrar o assunto, para eu poder ir para a imprensa e
dizer: Cidadãos do Rio Grande do Sul, eu estou absolvido pela Sindicância da
Procuradoria Geral do Estado! Mas de uma Procuradoria que agiu da forma que
agiu, como relatei a vocês, eu posso esperar que ela encerre a sindicância? Não
posso, francamente. Agora, não usem como exemplo, só isso. Não dêem como
exemplo. Há tantos exemplos, este não dêem. Toda vez que derem este exemplo eu
vou vir para esta tribuna, que o povo de Porto Alegre me deu, responder que não
serve de exemplo. Eu sei que houve um vanglorismo porque estou respondendo
processo e eu digo: Graças a Deus, estou respondendo um processo na Justiça do
Rio Grande por causa daqueles episódios, graças a Deus! A minha fé em Deus
aumentou na medida em que percebi que esse processo é o que pode,
verdadeiramente, dar a palavra final para não ficar a palavra de um contra a de
outro, quem será que tem razão, etc. A Justiça do Rio Grande que encerra isso
na sua soberania.
Agora, digo aos Senhores: os indícios que tinham
contra mim não me colocaram no Presídio Central, não abriram CPI na Assembléia
Legislativa. Pelo contrário. Absolveram-me. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar,
quero registrar - creio que o Ver. Isaac Ainhorn não chegou a fazê-lo - que, no
Boletim Interação, publicado pela comunidade judaica brasileira, leio que o
cidadão Siegfried Elwalger Castan foi condenado pela justiça brasileira em São
Paulo e considerado culpado em um processo movido pelo escritor e jornalista
israelita Ben Abraham. Castan pretendia que o jornalista Ben Abraham estaria
mentido sobre a existência de campos de concentração e a extinção de judeus na
Alemanha Nazista. Ben Abraham que é uma testemunha ocular, já que foi uma das
vítimas, moveu uma ação contra o Sr. Siegfried Elwalger que todos nós
conhecemos em Porto Alegre por ter a mania de publicar livros de revisão de
História que nada revisam, pelo contrário, criam absolutas mentiras. Pois ele
acaba de ser condenado pela 27ª Vara Criminal de São Paulo. Faço o registro
exatamente porque há poucos dias, a pedido do Ver. Isaac, com ele fui a uma
loja de Porto Alegre para alertar, na condição de Vereador desta Cidade, que a
venda de sigmas e símbolos nazistas é claramente proibida pela legislação.
Tanto pela Constituição Federal do Brasil, quanto pela Legislação Municipal. E
se defendo - e sempre defendi - a circulação dos livros do Sr. Castan é porque
defendo o seu direito de veicular idéias e acho importante a condenação que aí
ocorre. É a justiça que dá o seu veredicto sobre uma tentativa de mentir à
opinião pública brasileira.
O segundo tema que queria citar, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, porque não cabia no discurso oficial que antes pronunciei, mas
cabe agora. Em primeiro lugar, o meu agradecimento a todos os companheiros do
PSDB que vieram de diversas cidades do interior e da Grande Porto Alegre. Aqui,
ainda se encontram os companheiros de Viamão, de Novo Hamburgo, da Camaquã,
para não falar em todos os companheiros de Porto Alegre e nos Deputados que
vieram de Brasília. Eu acho que isso dá força a uma decisão. Isso me alegra e
aumenta a minha responsabilidade. Mas, em cunho muito pessoal, quero citar o
Ver. Clovis Ilgenfritz da Silva. Eu entrei no PT e permaneci como candidato, em
1982, graças ao Clovis. Ao mesmo tempo em que havia me candidatado a pedido dos
companheiros do Partido, havia passado em concurso para professor federal, em
Santa Catarina, e iria assumir uma cátedra na Universidade Federal de Santa
Catarina. O Clovis não deixou que eu viajasse a Florianópolis em hipótese
alguma, para que eu levasse a minha candidatura até o final. Ao longo desses
anos, foi sempre com o Clovis que eu troquei idéias sobre as crises eventuais
que atravessamos dentro do Partido. Às vezes, ele, às vezes, eu. E foi ao
Clovis que eu pedi que representasse o Partido dos Trabalhadores na Mesa
Diretora da qual fui Presidente. Então, se antes me dirigi ao Líder da Bancada
do PT, porque é a ele que eu tinha que me dirigir no discurso formal, quero,
agora, fazer o registro pessoal, particular, do Antonio ao Clovis, porque
sobretudo com o Clovis eu aprendi que o valor da amizade, também na política, é
um dado muito importante. Se não fazemos política com relações pessoais stricto
sensu, elas são institucionais, evidentemente que a amizade é um dado muito
importante na política, além do respeito a cada um. Quero aproveitar, na
extensão do Clovis, e agradecer a todos os companheiros do PT pelo gesto de
hoje, porque continuamos companheiros nessa luta, e aos companheiros do PSDB,
porque vamos começar uma outra luta e, muito especialmente, ao Ver. João Verle,
como Líder da Bancada, pelo seu pronunciamento posterior, aqui, na minha
participação formal na troca de Bancada. Eu acho, Senhores, que uma vez mais
nós conseguimos, nesta Casa, com tranqüilidade, dar um exemplo de seriedade
política, de competência política, de respeito político e é isso o que me torna
realmente satisfeito nesse processo. Portanto, queria deixar o meu abraço muito
especial ao Ver. Clovis, ao Ver. Verle e, através do Ver. Verle, a todos os
companheiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Antes de conceder a palavra ao próximo
inscrito, gostaria de dizer ao Ver. Antonio Hohlfeldt que, apesar de
profundamente sentido com a sua saída do Partido, desejo que ele continue a sua
trajetória brilhante de Vereador, de homem público e de cidadão. O homem em
suas circunstâncias, como diz o poeta e a gente tem que aceitar. Política é
isso aí, sendo feita com seriedade nós sempre estaremos juntos.
Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inscrevi-me, hoje, no período de
Comunicação Pessoal, porque me senti na obrigação, não porque não tenha me
sentido absolutamente representado pela falação do nosso Líder companheiro João
Verle, no que toca a triste surpresa, para todos do Partidos dos Trabalhadores,
em relação a saída do nosso caro companheiro e amigo Antonio Hohlfeldt, que me
sinto absolutamente representado pela falação que o companheiro João Verle fez.
Entretanto, não pretendo entrar no mérito das questões que estão em curso. Não
porque não tenha posição, porque tenho e sou ativo dirigente militante do
Partido. Já participei de todos os debates que desde a fundação do PT têm
acontecido, porque sou seu fundador e sou também membro da Executiva Estadual
do Partido dos Trabalhadores com muito orgulho. Porém há de se registrar,
inclusive em respeito ao Ver. Antonio Hohlfeldt, primeiro Vereador do nosso partido
em nosso Estado, Vereador que independe das divergências que ao longo do tempo
tivemos, como tivemos com inúmeros militantes, dirigentes, porque na política
sempre a unanimidade é burra e felizmente não sofremos deste mal e, por isso,
somos um Partido que vertiginosamente cresceu e escreveu na história do Brasil,
apenas por trezes anos, um fenômeno que, sem nenhuma dúvida, independente do
futuro, tenho certeza, vai ser tão profícuo como estes 13 anos. Mas independe
disso, vai escrever uma página original na história da construção dos partidos
políticos neste País. Não tenho nenhuma dúvida disso. E foi pela pluralidade,
pelo debate aberto, pelas disputas políticas ferrenhas, agora fraterna que
está, talvez, o grande mistério ou o principal dos mistérios que explica esta
situação.
Então, em respeito ao companheiro com quem, como
dirigente do Partido, sempre me relacionei há muita anos, e agora nestes 10
meses, como companheiro de Bancada, que aprendi a respeitar mais ainda, porque
não tenho dúvidas, sem nenhum desprestígio a nenhum Vereador, mas o Antonio é
aqui , talvez, o mais sapiente de todos nós. É a pessoa que nos momentos
difíceis, com dificuldades no Regimento e tantas outras coisas a quem,
sistematicamente e corriqueiramente recorremos. E dos Vereadores, numa
Legislatura de Vereadores muito atuantes e qualificados, Vereadores e
Vereadoras, é sem dúvida em qualquer relação de dois ou três um nome
invariável.
Não vou entrar no mérito, já disse isto, porque
acho na minha compreensão, na minha forma de agir que essa é uma questão das
instâncias do Partido. Entretanto, acho que a saída do companheiro Antonio
Hohlfeldt é para nós um sinal de alerta. É para todos nós um momento de
refletir, e não modificar posições, como ele colocava, mas de conversar com nós
próprios, com nossos companheiros e amigos e vamos ver por que coisas como esta
acontecem. Sem dúvida só este ato de reflexão é sempre positivo para
todos.
Quero dizer que um partido que não comporta o
companheiro Antonio Hohlfeldt tem problemas, que pode ser do partido, porque os
partidos não são infalíveis, pode ser também do Ver. Antonio Hohlfeldt, por que
não? Mas, de qualquer maneira, quando perdemos o nosso primeiro parlamentar
eleito neste Estado, quando estamos prestes a ganhar o Governo do Estado,
porque ninguém tem dúvidas neste Estado que é o PT, a Frente popular que tem o
candidato mais forte ao Governo do Estado, até porque, talvez seja ainda o
único candidato ao Governo do Estado. Nenhum analista político duvida de que
nós vamos disputar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e com fortíssimas
chances de vitória. A entrada do Antonio no PSDB, se nos deixa triste, e nos
deixa particularmente triste, ele também é um sinal de que a Frente Popular
possa ter mais lutador incansável para incorporar um outra parcela que até hoje
não esteve entre nós. E de minha parte parece-me que vai ser um bem a
candidatura do Olívio às forças democráticas populares.
Mas o que eu quero discutir é isto, é um momento de
alerta, é um momento de reflexão, é um momento em que nós precisamos, sem
dúvida nenhuma, entender esses sinais para que possamos superá-los e superar,
como superam os grandes partidos, as grandes dificuldades. Superar de uma forma
democrática, abrindo os olhos mais para dentro e para a sociedade, porque todos
os partidos passam por dificuldades. O que os diferencia é a forma como
enfrentam as suas dificuldades. E eu tenho certeza de que o PT saberá enfrentar
com segurança, com democracia, com amplitude essas dificuldades. Pretendemos
que o companheiro Antonio Hohlfeldt esteja junto conosco, com a Frente Popular
e nas lutas, como sempre esteve. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há “quorum” e há quatro Vereadores inscritos dos quais,
três estão abrindo mão: Jocelin Azambuja, José Gomes e eu próprio. Há uma
solicitação do Ver. João Motta, em função do que já aconteceu no primeiro
momento desta Sessão Plenária, em que o Sr. Presidente abriu exceção em razão
do discurso mais longo do Ver. Antonio Hohlfeldt. Consultamos os presentes se
não há nenhuma objeção para o Ver. João Motta falar. (Pausa.)
Com não há objeções, está com a palavra o Ver. João
Motta.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de registrar o
agradecimento e a compreensão do Plenário, porque de fato não há “quorum” neste
momento, mas pela delicadeza deste momento eu gostaria de fazer dois ou três
registros. Primeiro, manifestar a minha mais irrestrita solidariedade ao
companheiro Antonio Hohlfeldt pela coragem e coerência do seu ato. Quem o
conhece há algum tempo só poderia esperar dele esse tipo de atitude. Da minha
parte não estou surpreendido, inclusive, vários companheiros ligaram achando um
absurdo a sua saída, comentando que ele não tinha avisado a ninguém. A
contrário senso do que estão me falando, estou absolutamente tranqüilo já que o
Antonio não tomaria uma atitude dessas sem pensar muito. Em segundo lugar,
também gostaria de registrar que acho que, de fato, o PT está diante de um
impasse. Ou o PT abre um diálogo entre a sua militância, os seus parlamentares
ou o PT retrocede e vai entrar na vala comum dos partidos tradicionais de
esquerda e que deram no que deram. Lamentavelmente, está correto o companheiro
Gerson Almeida, exatamente neste momento em que o PT teria tudo para explodir
como sendo a grande esperança do povo brasileiro, essa é a grande contradição
do PT. Lamento, mas acho que esse é o quadro. Não acredito que neste caso
exista uma terceira alternativa: ou o PT abre um diálogo internamente ou vai
viver uma crise de proporções imprevisíveis. Por isso que não vejo a atitude do
Antonio como sendo isolada; não estou aqui dizendo que mais alguém vá sair.
Nesta semana, fui chamado novamente pelo Partido para dar satisfações do porquê
se fez o ato com a companheira Erundina, com o Olívio e outros companheiros,
com o Bogo, do PSDB, com o companheiro Torres, do PPS de Brasília: porque a
direção, principalmente o presidente - Ronaldo Zulke - tinha visto tal atitude
com sendo contra a direção do Partido. Disse ao companheiro Zulke que não iria
ao Partido; se o Partido quisesse estabelecer um processo disciplinar contra a
minha pessoa, que estabelecesse. Se ele tinha divergência com relação à visão
política que eu tentei afirmar, inclusive assinado por mim e outros companheiras
o manifesto, que ele, então abrisse um espaço de discussão e diálogo dentro do
Partido, que é isso que a gente sempre faz. Mas essa lógica da punição, essa
lógica da exclusão, essa lógica da truculência, essa lógica do autoritarismo,
eu não aceito. Já estou há muitos anos dentro do Partido, já dei muito da minha
vida pessoal por um projeto, só que eu acho que há um momento em que a famosa
luzinha vermelha acende, e aí eu acho que é tempo de parar e refletir um pouco.
Eu estou exatamente neste momento. Ou nós estabelecemos alguns limites ou nós
resgatamos algumas condições desse acordo ético que todos nós, que estamos
filiados, que buscam o Partido, que compomos as suas instâncias, estabelecemos
ao entrar e assinar ficha, simbolicamente, esse contrato de adesão ao programa
Partidário, Ou resgatamos isso ou este momento que hoje todos estamos vivendo
aqui, muitos de nós surpreendidos com a saída do companheiro Antonio, é apenas
um episódio que tende a se desenvolver nacionalmente. Finalizo dizendo que eu
não tenho nenhuma dúvida de que essa perda foi pesada para o PT. Eu aprendi
muito aqui e faço mais um registro muito pessoal. Na época do governo do
companheiro Olívio, em três oportunidades, eu exerci a Liderança da Bancada.
Era muito difícil, de fato, transitar numa Bancada plural - e era plural mesmo
- nas posições do Governo e do Partido, muitas vezes. Não foram uma ou duas
vezes que tivemos até atritos e sérias divergências, o companheiro Antonio e
eu. Mas aprendi muito com ele aqui dentro da Câmara. Esta agilidade de
Plenário que eu tenho hoje, eu diria
que 50% eu devo ao Antonio. E eu acho que quem perde um Vereador, um
parlamentar que dentro desta instituição tem-se revelado como o Antonio, tem
que parar para pensar. Nós temos os
lutadores do movimento sindical, os lutadores do movimento comunitário, os
companheiros que estão hoje em exercício de cargos públicos, etc. Mas aqui
dentro também é importante, aqui dentro passa o Projeto do orçamento, que nós
vamos votar daqui a alguns dias. Nesse encaminhamento do Orçamento, nós teremos
menos um Vereador dentro da Bancada. E esta é a relevância da saída do
companheiro Antonio.
Por isso, companheiro Antonio, quero dizer, ao
encerrar: eu acho que o companheiro só pode ter, pelo menos da minha parte,
solidariedade. Sou absolutamente solidário com o teu gesto, e o meu respeito e
a nossa convivência permanecerá sendo a mesma, com muita tranqüilidade e
transparência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrada a Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 12h10min.)
* * * * *